Guerra no Médio Oriente

Catarina Martins exige que UE condene ataque a flotilha humanitária, Kallas rejeita críticas

Num debate no parlamento europeu em Estrasburgo, Catarina Martins apontou ainda o dedo ao silêncio das lideranças europeias sobre o ataque com drone ao navio. Perante as acusações que lhe foram dirigidas, a chefe da diplomacia europeia rejeita as acusações de que a Comissão está em silêncio relativamente a Gaza.

MANUEL FERNANDO ARAÚJO/LUSA

SIC Notícias

A eurodeputada do BE, Catarina Martins, exigiu esta terça-feira à União Europeia (UE) que condene o alegado ataque a uma embarcação com bandeira portuguesa numa flotilha humanitária e proteja os participantes que pretendem rumar à Faixa de Gaza.

"O que precisava de estar a fazer era apoiar quem está a fazer chegar a ajuda humanitária a Gaza, não lhe ouvi uma palavra sobre a flotilha global", disse a bloquista, interpelando a chefe da diplomacia europeia, Kaja Kallas, num debate sobre a situação na Faixa de Gaza, no Parlamento Europeu (PE).

"Esta noite, um dos barcos, com bandeira portuguesa, onde viajam Greta Thunberg, Mariana Mortágua e muitos outros cidadãos europeus foi atingido por um drone", sublinhou, questionando ainda os líderes da UE sobre as ações de Israel.

"O que dizem Roberta Metsola, Ursula von der Leyen e António Costa? Onde está a vossa condenação a este ataque?", acrescentou Catarina Martins.

A eurodeputada apelou ainda à proteção dos cidadãos que estão a tentar fazer chegar ajuda humanitária a Gaza. Referindo ainda que "Israel está a matar com as armas e os meios europeus", a eurodeputada considerou que o silêncio dos líderes "é cúmplice" e que "os cúmplices de genocídio são também genocidas".

kallas rejeita acusações de inação

Perante as acusações que lhe foram dirigidas, a chefe da diplomacia europeia rejeita as acusações de que a Comissão está em silêncio relativamente a Gaza. "Não ficamos calados. Por exemplo, sobre a fome, temos uma declaração de 22 de agosto. Temos sido muito claros sobre isso".

Face às críticas dos eurodeputados, Kaja Kallas aponta o dedo à falta de consenso entre os governos dos 27 para tomar mais medidas em relação a Israel. "Quando digo que estou frustrada, estou frustrada por não podermos fazer mais. Pode apontar para uma pessoa e dizer: porque não toma esta decisão e tudo fica bem?".

"Não somos governados por decretos executivos. Somos governados por tomada de decisões coletivas, o que significa que temos 27 países no Conselho e, mesmo quando propomos medidas que exigem maioria qualificada, não a alcançamos. Por isso, trabalhamos com os vossos Estados-membros".

Uma das embarcações da flotilha solidária de ajuda humanitária a Gaza, que conta com portugueses na comitiva, foi atacada "aparentemente por um drone" no porto de Tunes, acusou esta terça-feira a relatora especial da ONU, Francesca Albanese.

"O barco principal da flotilha (Family) foi atacado aparentemente por um drone no porto de Tunes", referiu na rede social X. Na iniciativa participam o ativista Miguel Duarte, a coordenadora do BE, Mariana Mortágua, e a atriz Sofia Aparício.

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, afirmou esta terça-feira em Pequim que o Governo está a recolher informações sobre o que se passou com a flotilha humanitária.

A Flotilha Global Sumud, que pretende ser "a maior missão humanitária da história" com o território palestiniano de Gaza, saiu inicialmente de Barcelona. 'Sumud' é uma palavra árabe que significa resiliência.

A Guarda Nacional tunisina negou que tenha havido um ataque com um 'drone', indicando que "nenhum aparelho" foi detetado pelas autoridades e sugerindo que pode ter sido uma beata de cigarro a provocar o fogo registado a bordo.

- Com Lusa

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