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"Poderíamos ter sido mortos": ativista Miguel Duarte estava no barco que foi atacado

O barco com bandeira portuguesa da flotilha de ajuda humanitária a Gaza onde seguem Mariana Mortágua, Sofia Aparício e Miguel Duarte foi atacado esta madrugada por um drone na Tunísia. Apenas Miguel Duarte estava na embarcação no momento do ataque.

Marta Ferreira

Mariana Mortágua e Sofia Aparício estavam fora do barco depois de terem feito "um turno de vigilância na noite anterior" e de terem sido substituídas. Era Miguel Duarte quem se encontrava no barco da flotilha humanitária que foi atacado esta madrugada.

De acordo com declarações do ativista, há "100% de certezas de que foi um drone a largar uma bomba no deck" da parte da frente do navio e, apesar de estar bem, Miguel Duarte garante: "poderíamos ter sido mortos."

"Nós sabemos que estas missões humanitárias têm sido atacadas repetidamente. Sabemos que é perigoso, têm morrido pessoas em Gaza. Vimos trabalhadores humanitários, médicos, enfermeiros, todos eles foram mortos. Portanto, nós sabemos os perigos que estamos a enfrentar", detalhou o português quando questionado por um jornalista.

O ataque causou um pequeno incêndio na embarcação que foi rapidamente extinto. Tripulação e passageiros estão bem e navio "pode viajar" na quarta-feira.

Navio "pode viajar" esta quarta-feira

Segundo os porta-vozes tunisinos da Flotilha, citados pela agência EFE, que se encontravam a bordo do navio, o navio "pode viajar" esta quarta-feira.

As mesmas fontes garantiram que "apenas os tunisinos ficarão para vigiar os navios esta noite", segundo um vídeo divulgado pelo tunisino Wael Naouar, porta-voz magrebino da flotilha.

Naouar apelou aos tunisinos para que se deslocassem ao porto para proteger os navios que planeiam partir esta quarta-feira de manhã em direção à Faixa de Gaza, na tentativa de quebrar simbolicamente o bloqueio militar israelita imposto ao território.

Centenas de tunisinos dirigiram-se esta madrugada ao porto de Sidi Bou Said para mostrar solidariedade para com a flotilha, na sequência do incêndio num dos seus maiores navios, segundo vídeos divulgados nas redes sociais, em que se ouviam gritos com "viva a Palestina".

Flotilha humanitária chegou no domingo à Tunísia

Recorde-se que os barcos da flotilha chegaram este domingo à Tunísia, onde vão realizar uma paragem para recolher mais ajuda e fazer reparações.

Em declarações à Lusa nesse dia, Miguel Duarte indicou que estavam "ao largo da costa da Tunísia" seguindo em direção à capital, Tunes, local onde foi agora atacado.

"Vamos essencialmente fazer uma paragem com vários navios da flotilha para reabastecer de água e de provisões, para recolher mais ajuda humanitária e para fazer pequenas reparações que, entretanto, percebemos que são necessárias, por causa das condições que enfrentámos ao longo do troço da viagem", apontou.

O ativista explicou que a delegação que saiu de Espanha ainda não se cruzou com as embarcações italianas e que o plano é se encontrarem "em mar alto".

Quanto à data de chegada a Gaza, Miguel Duarte indicou que não é fácil prever a chegada da flotilha a Gaza, que estava inicialmente agendada para meados de setembro.

"Sempre que há problemas técnicos num navio é suficiente para atrasar a flotilha inteira. Então é difícil prever [a chegada], mas o plano, que originalmente era chegar a meados de setembro, agora terá um atraso de uns poucos dias", realçou.

Miguel Duarte também lamentava a presença de drones a sobrevoar as embarcações que partiram de Barcelona, na semana passada.

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