Cultura

"Tão sujo como o que acontece em Gaza": Bordalo II mancha de vermelho bandeira da Palestina

O artista plástico português, conhecido por focar muitos dos seus trabalhos em temas fraturantes, escolheu uma escadaria de uma estação de comboios em Lisboa para reproduzir a bandeira da Palestina, manchada pelos “passos da culpa”.

Redes sociais Bordalo II

Cláudia Machado

A tela escolhida é uma escadaria à saída da estação de comboios de Santos, em Lisboa. “Enquanto o mundo assiste”, a bandeira palestiniana enche-se dos “passos da culpa”, tornando-se “tão suja como o que está a acontecer em Gaza”. A mensagem de Bordalo II é só uma, garante o artista plástico português, porque “no fim são sempre as pessoas que perdem”.

A mais recente obra de Bordalo II foi revelada na noite desta segunda-feira, nas suas redes sociais, através de um vídeo no qual inicialmente surge a bandeira da Palestina sem qualquer alteração. Aos poucos, as escadas de acesso à estação vão servindo o seu propósito e dezenas de pessoas pisam a tinta vermelha, fresca, espalhando-a sobre os restantes degraus.

O artista, de 36 anos, e já há muito habituado a abordar temas fraturantes - desde a Jornada Mundial da Juventude às touradas -, acrescentou também um aviso sobre a forma como este trabalho o posiciona face ao conflito entre Israel e o Hamas.

“Uma vez mais, isto não é um jogo, não se trata de escolher lados porque no fim são sempre as pessoas que perdem. Tudo o que precisamos é paz e empatia”, escreveu Bordalo II, em inglês, num comentário ao seu próprio vídeo.

Além de partilhar o seu próprio trabalho, o artista plástico divulgou na sua conta de Instagram outras imagens que remetem para a morte de civis - sobretudo crianças - na Faixa de Gaza.

O conflito entre Israel e o Hamas, movimento islamita que controla a Faixa de Gaza desde 2007, conheceu um dos seus momentos mais sangrentos no dia 7 de outubro, com uma série de ataques coordenados pelo grupo militante a festivais e várias povoações israelitas, os chamados kibbutz, que foram palco de carnificinas, fazendo além disso dezenas de reféns.

A resposta militar israelita não se fez esperar e já terá provocado mais de 10 mil mortos, segundo dados do Ministério da Saúde controlado pelo Hamas, criando uma “catástrofe humanitária” na Faixa de Gaza, para a qual a ONU tem vindo a alertar.

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