Cultura

Sessão de Cinema: "Strictly Ballroom"

Baz Luhrmann, o cineasta de "Elvis", sempre foi um autor seduzido pela energia da música — esta foi a sua longa-metragem de estreia.

A emoção da dança transfigurada em espectáculo cinematográfico

João Lopes

O australiano Baz Luhrmann (n. 1962) é bem conhecido pela ousadia na integração da música no espectáculo cinematográfico. Lembremos a versão de "Romeu + Julieta" (1996) com muitas canções pop/rock ou "Moulin Rouge" (2001), uma reinvenção do género musical através de uma estética que faz lembrar o universo dos telediscos. E lembremos também, claro, o seu "Elvis" (2022), bem colocado na actual corrida aos Óscares.

Pois bem, Luhrmann começou, precisamente, com um filme exuberantemente musical, "Strictly Ballroom", entre nós lançado com o subtítulo "Vem Dançar!", agora disponível numa plataforma de streaming. Foi um dos acontecimentos do Festival de Cannes de 1992, onde concorreu para a Câmara de Ouro (prémio ao melhor primeiro filme), e o mínimo que se pode dizer é que não perdeu nada da sua energia visual e da celebração das matérias musicais.

A sua história é uma variação simples sobre um clássico triângulo amoroso. O mais importante é o contexto em que tudo acontece: um concurso de dança em que os protagonistas vão investir toda a sofisticação da sua arte, quase se transfigurando em símbolos abstractos das canções que enquadram os seus movimentos.

De Doris Day a Cindy Lauper, por aqui passam exuberantes memórias musicais, sem esquecer algumas derivações pelas valsas de Johann Strauss. À sua maneira, "Strictly Ballroom" reafirmou a vitalidade da tradição musical, revelando um cineasta que foi desenvolvendo a sua vocação através de produções cada vez mais ricas e ambiciosas.

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