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“Quero ser primeiro-ministro”: o objetivo de André Ventura, que no presente não aceita viabilizar o OE sem acordo

Na antena na SIC/SIC Notícias, André Ventura relatou a sua posição sobre o novo Governo, o Orçamento de Estado e a possibilidade de acordos em medidas caso a caso com o PSD, perante a falta de um acordo entre os dois partidos.

Daniela Tomé

O presidente do Chega esteve em entrevista, esta quinta-feira, na antena na SIC/SIC Notícias. André Ventura reforçou aquele que é o seu propósito a longo prazo na política portuguesa, bem como quais são os impedimentos nos acordos caso a caso que possa vir a concretizar com o PSD.

Durante mais de 50 minutos, numa entrevista que teve início do Jornal da Noite da SIC e foi posteriormente continuada na Edição Especial da SIC Notícias, André Ventura deixou claro que, sem acordo não irá viabilizar o Orçamento de Estado.

Numa entrevista que teve lugar quase 24 horas após a indigitação de Luís Montenegro como primeiro-ministro, o presidente do Chega foi questionado sobre as medidas do próximo Orçamento de Estado que o partido aceita aprovar.

Chega elegeu 50 deputados

Nas Eleições Legislativas, os votos que o partido Chega recebeu, incluindo o voto da imigração, permitiram a eleição de 50 deputados.

Questionado se já conhece os 50 membros que vão integrar a Assembleia da República pelo Chega, André Ventura afirmou afirmativamente.

"São pessoas já com um passado no partido e com os quais espero reunir entre amanhã e segunda-feira”, disse.

Deputados do Chega a contas com a Justiça

Na segunda parte da entrevista foram enunciados nomes de deputados e membros do partido que estão com casos judiciais, em crimes de dívidas, desobediência e falsas declarações, entre eles Filipe Melo, Cristina Rodrigues, Eduardo Teixeira e Rui Paulo Sousa. Alguns destes foram, efetivamente, constituídos arguidos.

O deputado do Chega Filipe Melo é suspeito de ter mentido em tribunal. Segundo noticiou o Expresso, Filipe Melo declarou perante o juiz desconhecer a existência de uma ata de uma reunião interna do Partido.

O presidente do Chega desvalorizou este caso afirmando que “Filipe Melo não pode ser arguido, porque ainda não passou pelo Parlamento”, e que a seu tempo irá “avaliar o casos e decidir as consequências”.

“Rui Paulo Sousa foi absolvido há dias”, disse André Ventura.

Chega quer entendimento com o Executivo

Ainda que o Chega tenha tentado uma aproximação da Aliança Democrática (AD) para uma governação de maioria absoluta, o PSD já afirmou, por diversas vezes, que não pretende coligar-se com o Chega.

André Ventura defende que as tentativas do partido de criar um acordo com o partido liderado por Luís Montenegro se traduzem num “desespero por Portugal”.

“Pedem-me que seja um líder responsável e que ponha o interesse do país acima do meu ego, da minha soberba ou da minha pessoa”, disse.

Acrescentou ainda: “Não é nenhum desespero que quando um líder com quase 20% dos diz a outro, mais votado, que temos condições para não desperdiçar uma maioria.”

Chega: primeiras medidas a apresentar

Após já ter referido estar disponível “para chegar um acordo”, André Ventura acrescenta que para conseguir ver aprovadas algumas medidas no Parlamento, o partido “vai negociando”.

Uma das primeiras medidas que pretende tomar é a equiparação do suplemento de missão para forças de segurança, guardas prisionais e forças militares, para a qual espera “uma ação de boa vontade por parte da AD”.

Reafirma ainda a aplicação de um “plano faseado para a recuperação do tempo de serviço dos professores”.

Viabilização do Orçamento de Estado do PSD?

O discurso do presidente do Chega tomou um rumo diferente quando foi questionado sobre a viabilização de um Orçamento de Estado (OE), apresentado pelo PSD.

André Ventura considera “trabalhar com a AD se a AD quiser”, na apresentação de medidas, mas esclarece que “isso nada tem de ver com um documento onde se estabelecem as grandes orientações para o país”, em referência ao OE.

“Se não há um acordo de Governo, o documento mais importante do Governo devia ser negociado à esquerda ou à direita. Sem acordo, não vejo com viabilizar o Orçamento de Estado", afirmou André Ventura.

Acrescentou: “Não quero acreditar que PS e PSD se entendam, mas se PS e PSD se vão entender, o Chega não pode ser mais espezinhado”, afirmou, admitindo tomar uma posição de oposição a um bloco central.

“Se houver um bloco central entre PS e PSD o Chega talvez perca alguma relevância do ponto de vista decisório, mas ganha uma autenticidade que é ser o único partido a pôr o sistema em causa”, disse.

André Ventura distanciou-se de um paralelismo entre a situação política nos Açores e no continente.

“É um acordo de metas governativas quanto percebi. O Chega/Açores não votou a favor, absteve-se. Na República é preciso votar a favor [do Orçamento de Estado]”, acrescentou.

Possibilidade de acordos caso a caso

Sobre o programa de combate à corrupção do PS, o líder do Chega considera que fica aquém do que o partido pretende, justificando que “não toca onde realmente interessa”.

Já sobre a privatização da TAP, André Ventura mostrou-se disposto a repensar a posição do Chega “se se mantivesse o HUB em Lisboa”, acrescentando que a posição do partido é que “é importante ter uma companhia de bandeira”.

Também no tema das pensões o presidente do Chega mostrou que “é possível chegar a um entendimento”.

“A nossa posição é que em seis anos não houvesse nenhuma pensão abaixo do salário mínimo em Portugal. Um primeiro passo poderia ser, em vez de se chegar logo ao salário mínimo nacional, chegar ao valor do IAS [Indexante dos Apoios Sociais] em três anos”, detalhou.

Votar uma moção de censura do PS contra o PSD?

Quando lhe colada esta pergunta, André Ventura afirmou: “Duvido muito."

"Se o PS apresentar uma moção de censura não vamos votar a favor apenas para fazer cair o Governo”, disse.

André Ventura nas Eleições Europeias?

O líder do Chega afirmou que “não está fechado o dossier” com dos nomes que o partido gostaria de ver na corrida às Eleições Europeias, mas que espera poder “apresentá-lo nos próximos dias”.

Ainda assim, deixou desde já a certeza de que não é um dos nomes nessa lista.

“Não fazia sentido eu ser candidato. Eu candidatei-me a primeiro-ministro, eu quero ser primeiro-ministro”, disse André Ventura em entrevista.

Augusto Santos Silva fora do Parlamento

André Ventura afirmou que, por parte de Augusto Santos Silva “houve uma atitude de arrogância”, enquanto presidiu à Assembleia da República.

“Eu seria o maior hipócrita se dissesse que tenho pena que Augusto Santos Silva saísse do Parlamento”, afirmou.

Sobre a não reeleição do presidente da Assembleia da República acrescentou ainda acha que “o Parlamento vai ganhar com a saída de Santos Silva”.

Disse ainda que o partido “sempre teve um comportamento disciplinado”, em referência aos comportamentos dos deputados nas cerimónias da Revolução dos Cravos, que contou com a presença do Presidente do Brasil, Lula da Silva.

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