Saúde e Bem-estar

Endometriose é incapacitante e desvalorizada: milhares de mulheres esperam apoios

Estima-se que, em Portugal, 350 mil mulheres em idade reprodutiva tenham endometriose. Os tratamentos não são comparticipados e no Serviço Nacional de Saúde a espera por consulta de especialidade é longa. Entre a fisioterapia, consultas e medicação, por mês, Maria chega a gastar 500 euros.

Joana Rita de Almeida

Humberto Candeias

Luís Bernardino

Pedro Cardoso

Margarida Bento

Milhares de mulheres que sofrem de endometriose continuam à espera de medidas de apoio. Em 2023, o Parlamento aprovou uma resolução para a constituição do Dia Nacional da Luta contra a Endometriose. Após um ano, nada foi feito. Em Portugal, 10% das mulheres em idade reprodutiva sofrem de endometriose. A doença ainda pouco conhecida é crónica e provoca dores incapacitantes. Quem sofre com as consequências da doença pede mais apoio ao Estado.

Maria Lourenço começou a mostrar sinais da doença logo aos cinco anos: dores abdominais fortes e corrimento vaginal. Mas o diagnóstico foi tão demorado que só chegou aos 19 anos.

O cocktail de medicamentos que prepara e toma é a única forma para se manter à tona.

"Ficava sempre três dias de cama. Tinha desmaios (...). Os médicos foram desvalorizando", conta.

Desde os primeiros sintomas tem vivido numa dolorosa procura por respostas. Descobrir a doença serviu para ganhar fôlego. Mas as consequências da endometriose limitam-lhe a vida e os sonhos.

Os tratamentos não são comparticipados. Entre fisioterapia, consultas e medicação, por mês, Maria chega a gastar 500 euros. É na família que encontra suporte.

"Nunca se pode dizer que a Maria está bem. Ou são hemorragias que tem, ou tem dores incapacitantes em que parece zombie porque só está bem deitada", adianta a mãe, criticando a falta de apoio do Estado.

A mãe de Maria também tem a doença e a irmã com nove anos já mostra alguns sintomas.

Estima-se que, em Portugal, 350 mil mulheres em idade reprodutiva tenham endometriose.

Além da incerteza à volta da doença, muitas das mulheres que a têm também sofrem com incompreensão no local de trabalho. Não é o caso de Helena Lima.

"Tenho bastante sorte. Mesmo não sabendo o que é a doença e o que implicava, quando foi sempre bem recebida", afirma.

Também teve um longo percurso até chegar ao diagnóstico.

No Serviço Nacional de Saúde, a espera por consulta de especialidade é longa.

No Hospital de Santa Maria, em Lisboa, a doutora Catarina Carvalho tenta dar a mão às mulheres que aqui chegam.

Maria e Helena esperam que em breve a ciência possa encontrar soluções.

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