A circunstância da morte de Odair Moniz está em investigação. Sabe-se, no entanto, que foi no cruzamento com a Avenida da República, na Damaia, que Odair encontrou uma patrulha da PSP. Por ter pisado o traço contínuo foi mandado parar, mas não obedeceu à ordem.
É nessa altura que arranca a perseguição. Em fuga, Odair Moniz bateu em vários carros, altura em que acaba por parar.
De acordo com o auto de notícia da PSP, a polícia aproxima-se de Odair. Tenta algemá-lo e mobilizá-lo sem sucesso. Um dos agentes dispara dois tiros para o ar, alegadamente para dispersar um grupo com mais de 10 elementos. O agente de 27 anos não volta a colocar a arma no coldre.
Odair ainda andou cerca de 40 metros, tendo sido atingido com dois tiros no tronco.
O agente que disparou afirma que, momentos antes, viu Odair Moniz a tirar da cintura o que lhe parece ser uma lâmina. Esta "perceção" de ter visto uma "lâmina" em Odair terá sido o motivo que o fez disparar, na sequência de um confronto físico, em que Odair terá tentado agredir o agente com o braço direito.
A situação foi gravada por uma câmara de videovigilância direcionada para a rua principal da Cova da Moura. Uma CCTV posicionada a mais de 100 metros do local dos tiros com movimento e monitorizada pela polícia. No entanto, devido à distância, a alegada utilização de uma arma branca por Odair Moniz não será percetível.
À SIC, o advogado do polícia que disparou contra Odair acredita que as imagens podem ajudar na resolução do caso, mas acha “difícil” que possam responder à pergunta sobre se Odair empunhava ou não uma faca.
A utilização da arma branca é a principal dúvida. No primeiro comunicado, a PSP confirma que Odair terá "tentado agredir os polícias com recurso a arma branca, tendo um dos polícias, esgotado outros meios e esforços, recorrido à arma de fogo e atingido o suspeito".
A SIC confirmou que uma arma branca foi encontrada junto ao corpo de Odair Moniz. A informação está no auto de notícia da PSP e na investigação da Polícia Judiciária.
“Nenhum agente da autoridade colocado numa situação destas fica bem. Fica com sentimento de remorso sobre aquilo que aconteceu. Tenta sempre ver a imagem várias vezes para perceber o que é que fez e se o que fez está correto ou não está correto”, disse o advogado de defesa à SIC.
A morte de Odair Moniz está a ser investigada pela Inspeção Geral da Administração Interna e pela Polícia Judiciária.