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Seguro admite dar posse ao Chega e desvaloriza silêncio do PS à sua candidatura

Antigo ministro defende que os partidos "têm os seus timings" e que, mesmo que o PS se posicione, a sua candidatura será sempre "não partidária". Quanto ao Chega, lembra que "não há regras constitucionais para uns e regras constitucionais para outros" e, por isso, dará posse ao partido de Ventura em caso de vitória nas legislativas.

CARLOS BARROSO

Marta Ferreira

Em entrevista à CNN, o candidato às presidenciais de 2026 lembra que a candidatura é "unipessoal" e "não surgiu de uma combinação partidária", pelo que o silêncio dos socialistas face à sua candidatura não é algo que o preocupe.

"Se há uma eleição em Portugal onde os partidos não têm monopólio, é esta", sublinha.

O PS prometeu pronunciar-se sobre as presidenciais depois das eleições autárquicas, algo que Seguro defendeu uma vez que os partidos têm os seus "timings", mas garante que a sua candidatura, independentemente do posicionamento do partido, "será sempre não partidária".

"A minha candidatura não surgiu numa combinata num diretório partidário, a minha candidatura nasceu de baixo para cima e é por isso que tenho muitos apoios da direita, da esquerda, do centro e de pessoas que não tiveram qualquer intervenção política até ao momento", afirma.

Para António José Seguro, a política só é eficaz se for uma política que serve aos portugueses e é isso que pretende fazer na qualidade de Presidente da República, caso seja eleito em 2026. Afirma ainda que Portugal é muito bom "no improviso", mas é necessário que deixe de ser o país da "política do dia a dia" e passe a ser um país com a competência organizada, com as causas dos problemas "erradicada" em vez de tratar apenas os "sintomas".

Chega sobe nas sondagens, Seguro admite dar posse

Se for eleito, António José Seguro admite dar posse a um Governo do Chega, caso este vença as próximas legislativas. Na sua perspetiva, o papel do Presidente é dar cumprimento à Constituição e "não há regras constitucionais para uns e regras constitucionais para outros".

"O Presidente nomeia o primeiro-ministro, mas é obrigado a ter em consideração os resultados eleitorais e de ouvir os partidos com representação parlamentar. Até agora todos os Presidentes da República deram posse ao líder do partido ou da coligação mais votado, eu tenciono manter esse princípio", assumiu.

Ao contrário de André Ventura, não vê qualquer prioridade numa revisão da Constituição. Já sobre a imigração, diz que é necessária, mas precisa de ser organizada.

"Não vou ser um Presidente que trabalhe para os telejornais"

António José Seguro falou ainda da tragédia do Elevador da Glória apontando que "os portugueses têm direito à verdade", que temos de "parar de fingir e tirar conclusões".

Em crítica ao adversário Luís Marques Mendes, ou até a Marcelo Rebelo de Sousa, Seguro sublinha que o papel do "Presidente é de chamar a atenção para essas situações e, de uma forma discreta, trabalhar com todos os atores políticos no sentido da solução dos problemas".

"Eu, se merecer a confiança dos portugueses, não vou ser um Presidente da República que trabalhe para os telejornais, vou ser um Presidente da República discreto que faz o trabalho que tem de fazer no tempo e no local adequado para criarmos uma cultura de compromisso", afirma.

Segundo o candidato, em Portugal temos uma cultura de "trincheira" onde "os atores políticas se preocupam mais na discussão partidária do que propriamente na resolução dos problemas".

Na sua perspetiva, o Presidente deve "chamar a atenção para isso, não no sentido do 'puxão de orelhas', mas de dizer que há um país para governar e problemas para resolver".

SNS está "ameaçado"

O candidato presidencial alertou ainda para o Sistema Nacional de Saúde (SNS) "completamente ameaçado". Seguro diz que isto acontece por "várias razões", mas, sobretudo, por "termos uma cultura em que os orçamentos são uma espécie de árvore de Natal, de distribuição de coisas positivas e simpáticas para as pessoas" que acontece porque o calendário de eleições "diminuiu".

"Temos de salvar o SNS, independentemente dos Governos", frisa.
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