A inflação nos Estados Unidos atingiu o valor mais alto dos últimos sete meses depois de ter acelerado mais do que o esperado em agosto. De acordo com os dados revelados esta quinta-feira, subiu 2,9% em termos homólogos.
Essa subida acontece uma semana antes da próxima reunião da Reserva Federal norte-americana (Fed), que vai decorrer nos dias 16 e 17 de setembro. É esperado o primeiro corte nas taxas de juros desde janeiro, com os analistas a preverem uma descida de 0,25 pontos percentuais no próximo encontro.
No entanto, os economistas acreditam que a subida generalizada de preços nos Estados Unidos veio para ficar, sobretudo devido ao impacto das tarifas aplicadas pela administração Trump.
Trump pressiona Fed para uma descida nas taxas de juro
Os dados surgem num momento em que o Fed está, por um lado, a lidar com o enfraquecimento do mercado de trabalho, mas por outro a sofrer pressões políticas por parte do Donald Trump para avançar com uma estratégia de baixa de taxas de juro, que estão, atualmente, nos 4,25% a 4,50%.
Segundo o Financial Times, que cita dados oficiais, no mês passado foram criados apenas 22 mil postos de trabalho, levando a receios de que o mercado esteja a estagnar. A taxa de desemprego está nos 4,3%. Os pedidos de subsídio atingiram, na semana passada, o nível mais elevado em quase quatro anos.
O governo de Donald Trump solicitou a um tribunal de recurso que destitua Lisa Cook do Conselho de Governadores da Reserva Federal (Fed) até segunda-feira, dia 15, antes de o banco central discutir uma baixa da taxa de juro de referência.
Trump quer destituir governadora da Fed até segunda, reunião acontece terça e quarta-feira
O pedido representa um esforço extraordinário da Casa Branca para alterar a composição do Conselho antes de o Comité de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em Inglês), que decide o nível da taxa de juro, reunir na próxima terça e quarta-feira.
Ao mesmo tempo, senadores republicanos estão a procurar confirmar Stephen Miran, uma escolha de Trump, para ocupar um lugar disponível no Conselho, o que pode acontecer já na segunda-feira.
Se Miran for aprovado a tempo de participar na próxima reunião do FOMC pode pressionar para um corte superior, de meio ponto percentual. Mas os dirigentes da Fed que votam sobre se se corta a taxa e por quanto são 12, incluindo os sete do Conselho de Governadores, a que se juntam cinco dos 12 presidentes dos bancos regionais do Sistema da Reserva Federal, que votam de forma rotativa.
Os outros dois já indicados por Trump para a Fed - Christopher Waller and Michelle Bowman - podem também apoiar um corte de meio ponto percentual, mas vários dos presidentes dos bancos da Fed já expressaram preocupações com a inflação elevada e é praticamente adquirido que se iriam opor a uma redução tão grande.
Se a Fed aprovar um corte de um quarto de ponto percentual, é provável que haja votos dissidentes, tanto dos que preferem cortes superiores, como dos que entendem que não deve haver qualquer corte.
- Com Lusa