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Descarrilou o Elevador da Glória em Lisboa

Ascensor que liga os Restauradores ao Príncipe Real descarrilou junto à Avenida da Liberdade. Na origem do acidente terá estado um cabo do elevador que se soltou. Ao que a SIC apurou, a PJ já está a investigar. Em causa podem estar crimes de negligência ou com dolo eventual.

MIGUEL A. LOPES

SIC Notícias

O Elevador da Glória, icónico ascensor de Lisboa que liga os Restauradores ao Príncipe Real, descarrilou e embateu num prédio, na tarde desta quarta-feira, na Calçada da Glória, em Lisboa.

O acidente aconteceu às 18:05 e provocou 15 mortos e 18 feridos, cinco dos quais em estado grave.

Os passageiros feridos foram transportados para os hospitais de São José, Santa Maria e São Francisco Xavier.

Na origem do acidente terá estado um cabo do elevador que se soltou. Ao que a SIC apurou, a PJ está no local. Em causa podem estar crimes de negligência ou com dolo eventual.

Carlos Moedas, presidente da Câmara de Lisboa, esteve no local, assim como o ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz.

Testemunha relata que elevador "embateu com uma força brutal num prédio e desfez-se"

À SIC, Teresa d'Avó, que estava no local do acidente, conta que viu um elevador "desenfreado" que embateu com "uma força brutal" num prédio e desfez-se.

Relata que os transeuntes começaram a correr para o meio da Avenida da Liberdade "com medo que embatesse noutro e chegasse à estrada".

"Embateu com uma força brutal num prédio e desfez-se como uma caixa de cartão (...). Embateu com uma força muito grande, uma coisa impressionante. Não tinha qualquer tipo de travão", relata.

Carris abre inquérito para apurar "reais causas" do acidente

A Carris informou que abriu "de imediato" um inquérito em conjunto com as autoridades para apurar as "reais causas" do acidente. Em comunicado, a empresa informa que foram "realizados e respeitados todos os protocolos de manutenção" e que o Elevador da Glória tinha realizado a última manutenção geral em 2022 e a reparação intercalar em 2024.

A manutenção geral ocorre de quatro em quatro anos e a intercalar de dois em dois.

"Têm sido escrupulosamente cumpridos os programas de manutenção mensal, semanal e a inspeção diária", garante a Carris.

Em declarações no local do acidente, o presidente da Carris acrescentou ainda que há 14 anos a manutenção é assegurada por uma entidade externa.

"O mais provável é que se tenha quebrado um cabo de tração"

Em declarações à SIC Notícias, Fernando Nunes da Silva, especialista em Engenharia e ex-vereador da Câmara Municipal de Lisboa, explica que a possível causa para o acidente terá sido o rebentamento de um cabo de tração, que consequentemente fez com que o elevador perdesse o controlo.

"Pelo que se consegue ver pelas imagens, o mais provável é que se tenha quebrado um cabo de tração, e ao quebrar não funcionou os freios que normalmente deviam funcionar numa situação destas", começou por dizer.

Como funciona o sistema do Elevador da Glória?

Na antena da SIC Notícias, o professor de Engenharia Civil Carlos Oliveira Cruz explica que o Elevador da Graça, à semelhança de outros, é um sistema de dois veículos que funciona em pares.

“Os dois veículos estão ligados por um cabo e o peso do veículo que desce impulsiona o veículo que está a subir, numa lógica de contrapeso”, afirma.

Este cabo que liga os dois veículos, informa o especialista, situa-se entre os carris, numa calha técnica.

“Além deste cabo, existem também travões que ajudam à paragem do veículo e, em situações críticas, deveriam ajudar à imobilização. Poderão ter havido falhas simultâneas, até porque a segurança do sistema não se baseia apenas num componente”, acrescenta Carlos Oliveira Cruz.

Presidente da República lamenta "grave acidente" e pede esclarecimentos rápidos

No site da Presidência, Marcelo Rebelo de Sousa lamentou "profundamente" o acidente com o elevador da Glória, "em particular as vítimas mortais e os feridos graves, bem como os vários feridos ligeiros".

"O Presidente da República apresenta o seu pesar e solidariedade às Famílias afetadas por esta tragédia e espera que a ocorrência seja rapidamente esclarecida pelas entidades competentes", escreve.

Também em comunicado, o Governo assegurou o acompanhamento próximo da situação e a coordenação com as autoridades envolvidas, incluindo serviços de emergência e a Câmara Municipal de Lisboa.

O autarca de Lisboa, Carlos Moedas, diz que “é um dia trágico para a cidade”.

“Estou em contacto com o Presidente, o primeiro-ministro e todo o Governo. Posso dizer que Lisboa está de luto”, afirmou.

[Última atualização às 23:20]

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