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Despesa do Estado com medicamentos para diabetes duplica, ministra quer novas orientações clínicas

Em 2024, gasto público com medicamentos para diabetes superou os 417 milhões de euros. Além do aumento da doença em Portugal, entra também para as contas a utilização deste tipo de fármacos para a perda de peso.

Elsa Gonçalves

José Manuel Mestre

Caetano Jorge

Ricardo Tenreiro

A despesa do Estado em medicamentos para a diabetes mais do que duplicou nos últimos cinco anos. Os especialistas sublinham que é uma consequência do aumento da doença em Portugal, numa população cada vez mais envelhecida e sedentária. Mas a subida deve-se também à procura destes medicamentes para emagrecer, uma tendência que levouas reserva dos medicamentos a esgotarem em armazém.  

Com medicamentos para diabéticos - que se podem adquirir com receita e têm comparticipação -, o Estado gastou em 2019, mais de 250 milhões de euros. Em 2024, essa despesa já superou os 417 milhões. É um aumento de 66%, nas contas da Autoridade Nacional do Medicamento, avançadas pelo Jornal de Notícias. 

“Independentemente deste crescimento, que é atípico, temos de garantir que os doentes diabéticos têm o tratamento que precisam”, defendeu a ministra da Saúde. “O que está a faltar aqui são as normas de orientação clínica. 

Ana Paula Martins afirma que será criada uma comissão que vai trabalhar sobre essas normas, que pretendem garantir um acesso justo ao medicamento. “Sobretudo para não utilizar de maneira inadequada os recursos”, frisou. 

No caso da diabetes, e não contabilizando custos com insulina, mas, por exemplo, com a substância semaglutido- presente nos fármacos Ozempic e Rybelsus -, os números do Infarmedmostram que a despesadisparou de 7,5 milhões, em 2021, para 40 milhões,no ano passado. 

“Estou convencido de que o alargamento da comparticipação permitira negociar com a indústria farmacêutica para se encontrar um preço mais barato”, aponta José Boavida, da Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal.

Se for prescrito para pessoas sem diabetes tipo 2, o Ozempic custa 120 euros. Com comparticipação, o valor é de 12 euros. Os medicamentos são usados também para a perda de peso e já levaram a ruturas de stock nas farmácias. 

No início deste ano, e depois de uma escassez no mercado, o Infarmed anunciou um processo de auditoria sobre os medicamentos para diabéticos, mas não há ainda conclusões.

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