O Movimento Armilar Lusitano tinha como alvos personalidades e políticos de esquerda. O jornal Expresso teve acesso ao despacho de indiciação do Ministério Público, o documento que levou a justiça portuguesa a indiciar, pela primeira vez, neonazis por terrorismo.
Acusações por terrorismo não são novidade em Portugal, a surpresa prende-se com a detenção de elementos de um grupo com a ideologia neonazi.
Dos seis detidos, do Movimento Armilar Lusitano, quatro ficaram em prisão preventiva, entre eles o fundador, Bruno Gonçalves, chefe da PSP.
Estão agora indiciados pelos crimes de infrações relacionadas com grupo terrorista, com penas de prisão que oscilam entre os 8 e os 15 anos.
Termo de identidade e residência foi a medida de coação aplicada aos dois restantes.
O juiz de instrução entendeu haver perigo de fuga, perturbação da ordem pública e continuação da atividade criminosa.
Esta milícia armada visava nas publicações nas redes sociais, sobretudo, políticos e personalidades de esquerda, revela o Expresso.
No despacho do Ministério Público a que o jornal teve acesso, são expressos também incitamento ao ódio e à violência contra imigrantes e refugiados.
Apesar de não se terem descoberto planos para ataques, foram referidas intenções, por exemplo, de invadir o Palácio de Belém e o Parlamento.
Segundo o Ministério Público, este grupo neonazi nasce da confluência de outras associações nacionalistas já extintas.
Como refere o jornal Público, os líderes do grupo é que faziam as entrevistas online, questionavam a constituição física, a profissão e a aptidão militar dos candidatos, preferindo os que fizessem segurança privada ou pertencessem a forças de segurança ou militares.
O Movimento Armilar Lusitano, fundado em 2018, foi desmantelado pela Unidade Nacional Contraterrorismo da Polícia Judiciária, na semana passada. Na operação foi também apreendido material bélico como explosivos, armas de fogo, armas brancas e impressoras 3D.