O dermatologista do Hospital Santa Maria Miguel Alpalhão confirmou ao Expresso que operou familiares diretos, mas que tudo foi reportado aos superiores hierárquicos do hospital. Nega ainda que tenha praticado qualquer ilegalidade e pede para ser ouvido pelas autoridades com urgência.
O caso foi conhecido há quase um mês. Um dermatologista em Lisboa teria recebido 400 mil euros por 10 dias de trabalho extra. Entretanto, os números avançados falam agora em 715 mil euros por 500 doentes operados em quatro anos.
Miguel Alpalhão vem dizer, em entrevista ao jornal Expresso, que "não incorreu em ilícitos dolosos ou cometeu qualquer desconformidade com as regras que lhe foram comunicadas". Nega também que "escolhesse as cirurgias por valor financeiro" e que no global não recebeu mais do que os colegas por operação.
O médico dermatologista confirmou, no entanto, que codificava os seus próprios processos desde 2019, que tirou um curso para isso mesmo e que havia falta de codificadores. Porém, garante que " todos os processos que codificou foram auditados por uma pessoa externa e que todos foram considerados conformes".
Outra questão que se levantou tem a ver com cirurgias que fez na própria família. Alpalhão confirma que "intervencionou dois familiares diretos que estiveram em lista de espera e que a cirurgia foi realizada num tempo adequado à situação clínica". Tudo, garante o dermatologista, com o conhecimento dos superiores hierárquicos, não tendo beneficiado nem prejudicado ninguém.
O médico acrescenta que não foi ainda chamado nem pela Inspeção da Saúde, nem pela Ordem dos Médicos, nem pelo Ministério Público que, entretanto abriu inquérito. E pede para ser ouvido o mais rapidamente possível.