Nesta pequena rua na zona do Bonfim, há histórias de vida que se repetem. Ao todo são 45 os moradores que vivem atualmente nestas 15 casas doadas há mais de 60 anos ao Seminário de Vilar por uma portuense. E ao longo destas décadas a propriedade dos imóveis esteve sempre na posse da Igreja.
Mas a 14 de Janeiro chegou uma carta a anunciar que o senhorio agora era outro depois da empresa diocesana que geria os imóveis na Rua das Eirinhas ter feito uma permuta com uma construtora civil, da Póvoa de Varzim.
“Achámos demasiado estranho haver uma permuta. Quando há uma permuta não temos opinião de compra e acho que no mínimo dos mínimos podiam dar opção de compra aos moradores”, diz Emílio Borges, morador.
Apesar de admitir que, neste processo, não há qualquer ilegalidade, o advogado da maioria das famílias entende a inquietação dos moradores.
“Ninguém compra aquelas casas para as manter como elas estão e com os ocupantes que estão. Naturalmente que eu acho que é para tentar construir ali alguma coisa nova e, por isso, as pessoas estão preocupadas”, diz José Fernandes Martins, advogado das famílias.
Se um dia esse cenário vier a ser realidade, os moradores com mais de 65 anos terão de ser realojados com uma renda igual na mesma freguesia ou em freguesias limítrofes. O mesmo não acontece com os mais novos que deixam críticas à forma como a Diocese do Porto geriu este processo.
A SIC contactou a Diocese do Porto que recusou fazer qualquer comentário.