Algumas dezenas de moradores estão durante a manhã desta terça-feira a manifestar-se no Monte da Caparica contra ordens de despejo que começaram a ser emitidas na semana passada.
"A minha situação é a seguinte: a mãe do meu filho foi posta na rua e foi ameaçada com a CPCJ [Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens] quando ela pediu um teto para garantir as condições mínimas para ela e para o filho e a resposta da IHRU [Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana] e a da câmara de Almada foi sempre a mesma, que não há casas, não há espaços, mas ela encontra-se numa habitação. Então porque é que querem tirar de lá, fechar e não dar a oportunidade de alguém começar do zero”, explica o morador.
A ocupação desta casa foi feita de forma ilegal, mas o jovem explica que foi “porque não tinha outra forma de ter um teto sobre a cabeça”.
“Ela na quinta-feira recebeu a carta para se apresentar no centro comunitário Pia II (...) Tinha de abandonar o espaço até hoje. E se ela não tem para onde ir, onde é que vai meter as coisas que lhe têm dado, as coisas que se tem arranjado, como é que ela vai fazer… vem para a rua com as coisas. O meu filho vai dormir na rua”, acrescenta o morador.
Ao longo da semana, segundo os moradores, foram emitidas 50 ordens de despejo. Quem aqui está garante que conseguirá pagar renda acessível.
“Tenho 28 anos, sou jovem, tenho possibilidades de trabalhar, não sou aleijada, não tenho problemas de saúde. Quero apenas uma casa, uma renda para pagar, para poder habitar com os meus filhos. (...) [Por parte da câmara] não tenho tido resposta nenhuma. A minha assistente diz que está a fazer o pedido. Diz que só para o mês que vem… só para o mês que vem… e não há pedidos, não há nada porque não há soluções para isto” explica outra moradora do bairro.
Estas casas pertencem ou à Câmara de Almada ou ao IHRU. Algumas dessas habitações já foram a concurso público e vão ser entregues a outras famílias.
A SIC questionou o IHRU, mas até ao momento ainda não obteve resposta.