França está a horas de entrar em mais uma grave crise política. O parlamento vota, esta tarde, uma moção de confiança apresentada pelo executivo de François Bayrou. Toda a oposição garante que vota contra, o que ditará a queda do governo francês esta segunda-feira.
Na base desta crise está o estado das finanças públicas. A despesa pública francesa em percentagem do PIB é a maior entre as principais economias mundiais. Com falta de receitas para cobrir tamanhos gastos, a França acumula um dos maiores défices públicos anuais em todo o mundo.
Como se isto já não bastasse, os juros que a França paga nos mercados internacionais já são mais elevados do que os cobrados à Grécia e a Itália, por exemplo.
A produtividade também já viu dias melhores e está agora substancialmente abaixo da média da UE e da OCDE.
Perante isto, o executivo de Bayrou apresentou uma proposta de orçamento para 2026 que prevê cortar 44 mil milhões de euros em despesa pública e aumentar a produtividade. Medidas que incluem acabar com dois feriados e congelar reformas por um ano. Ideias rejeitadas pela oposição.
Moção de confiança com chumbo garantido
“O principal risco é a instabilidade, não haver um Governo em funções para aprovar o orçamento, que deve ser aprovado até ao final deste ano. Estaremos em território desconhecido em França”, afirma Kevin Arceneaux, especialista em Ciência Política.
“Não há uma solução fácil porque, com base nas sondagens atuais, se o presidente dissolver o Parlamento e fizer eleições, é improvável que as coisas mudem.”
Sem apoio para aprovar o orçamento, o governo apresentou uma moção de confiança, cujo chumbo está praticamente garantido, tal como a queda do governo.
Sem soluções milagrosas à vista, França prepara-se para enfrentar mais um período de grave instabilidade política. O país pode conhecer, em breve, o seu quinto primeiro-ministro no espaço de três anos.