O Presidente da Iniciativa Liberal, Rui Rocha, considera que a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, não tem condições para continuar no cargo, caso se verifique que tinha conhecimento das incompatibilidades de António Gandra D´Almeida. Nesse sentido, Rui Rocha pede esclarecimentos do Governo.
"Se havia um conhecimento e foi feita uma nomeação sabendo da incompatibilidade, obviamente a Sr. ministra não tem condições para estar em funções. É preciso que os portugueses precisam de saber da boca da Sra. ministra e da boca do Sr. primeiro-ministro nas próximas horas", afirma.
Rui Rocha destaca que as "dúvidas e nevoeiro" afetam as instituições.
A ministra da Saúde recusa esta terça-feira dizer se sabia da acumulação de funções de António Gandra d'Almeida. Diz apenas que o ex-diretor executivo do SNS reunia as condições para o cargo.
Apesar de considerar o currículo de Gandra D'Almeida adequado para o cargo, o relatório elaborado pela Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública (CReSAP) já revelava a acumulação de funções. A ministra da Saúde teve acesso a este documento, de caráter público, mas não esclarece taxativamente se teve conhecimento das irregularidades.
Estava explicito neste relatório que o ex-CEO do SNS tinha exercido funções como médico de Cirurgia Geral no Hospital de Gaia até 2022 e já era também dirigente do INEM do Norte.
Gandra d'Almeida fez bancos no Hospital da Guarda quando ainda dirigia o INEM do Norte e foi pago por isso. Já se sabia que tinha feito o mesmo no Algarve e em Gaia.
Tal como revelou a investigação SIC, o INEM autorizou a prestação de serviços desde que não fossem remunerados. Mas foram. Gandra d'Almeida tentou contornar a lei, fazendo-se pagar através de duas empresas: uma delas, Raiz Binária, criada com a mulher em 2014, e outra, Tarefas Métricas, fundada em 2019 e apenas titulada pelo agora ex-CEO do SNS. Com ambas arrecadou milhares de euros.