O ex-presidente do Hospital Santa Maria, Daniel Ferro, que estava em funções durante o tratamento das gémeas luso-brasileiras, diz que o secretário de Estado da época, Lacerda Sales, nunca o questionou sobre o tratamento.
Esta terça-feira à tarde na comissão de inquérito, Daniel Ferro explica que foi ele que tomou a iniciativa de falar com Lacerda Sales por causa dos custos do medicamento para o hospital.
"Não foi o sr. secretário de Estado que me contactou sobre este assunto, fui eu que o contactei a ele (...). Nem sequer me falou ou questionou sobre a assistência às crianças e os tratamentos às crianças", afirma.
Em causa está o tratamento hospitalar das duas crianças luso-brasileiras que receberam o medicamento Zolgensma, em 2020. Na altura, este tratamento - que tem como objetivo controlar a propagação da atrofia muscular espinal, uma doença neurodegenerativa - teve um custo de dois milhões de euros por pessoa.
António Lacerda Sales, ex-secretário de Estado da Saúde, vai voltar a ser ouvido na comissão de inquérito no próximo dia 24. É arguido no processo juntamente com Nuno Rebelo de Sousa, filho Presidente da República, e o ex-diretor clínico do Hospital Santa Maria Luís Pinheiro.
O ex-secretário de Estado da Saúde regressa ao Parlamento oito meses depois, na sequência de um pedido do Chega de caráter obrigatório, após vários depoentes referirem a possível interferência do antigo secretário de Estado no pedido de marcação da primeira consulta das crianças.