A PSP continua a investigar as causas dos desacatos deste domingo no Martim Moniz, em Lisboa. O primeiro-ministro diz que o país tem de ser responsável e preventivo em matéria de segurança. Sobre as responsabilidade das autoridades, mas também das figuras políticas, José Gomes Ferreira considera que existe de um lado “aproveitamento político”, do outro “perigosa ingenuidade”.
“Isto não é uma questão que tem a ver só com um determinado bairro, que tem uma determinada origem maioritária de habitantes que vêm de outras partes do globo, nomeadamente Bangladesh, Paquistão, Índia, ou o que seja. Tem a ver com aquilo que é próprio de ser humano, por vezes há situações de violência. E eu aplico isto a claques de futebol, que muitas vezes se envolvem em rixas (…) A violência, as rixas entre grupos ou entre gangues, não têm a ver com cor de pele, nem falam uma língua específica. E é preciso que as pessoas percebam bem isso”, começa por referir.
“Dito isto, acho que a direita, nomeadamente o Chega, devia, não há outra expressão para o dizer, devia ter vergonha de estar a associar este tipo de fenómenos a determinadas etnias e a determinados bairros. Um aproveitamento que não é próprio e que não devia existir em democracia”, sublinha.
José Gomes Ferreira acrescenta que existe o outro lado da equação, à qual aponta “uma perigosa ingenuidade e ilusão".
"A esquerda que promove manifestações contra rusgas, sejam no Martim Moniz ou noutro lado, vive numa perigosa ingenuidade de que bairros que têm determinados estrangeiros ou determinadas origens não podem ser alvo de rusgas, porque isso é racismo.
Ora, isto é uma mistificação. É a mesma esquerda que desculpa criminosos e nunca se lembra das vítimas. E é uma esquerda que vive numa perigosa ilusão de que o ser humano é naturalmente bom e é a sociedade que o corrompe.
Isto tem a ver com a história das ideias e é um falhanço rotundo achar que o ser humano é naturalmente bom. Não, é naturalmente egoísta, tem que ser modelado através da educação e na vida adulta ou durante a sua vida. Se houver excessos, tem que ser responsabilizado por eles perante as autoridades".
Atuação da polícia nos bairros problemáticos
Com base nestes argumentos, José Gomes Ferreira sustenta que a polícia tem de atuar em todos os bairros onde há problemas, seja de cidadãos do Bangladesh, do Paquistão ou bairros portugueses, de há décadas ou séculos de origem.
“Os próprios responsáveis da PSP, e bem, têm explicado quais os critérios que têm usado para estar mais presentes ou menos presentes, nomeadamente para estarem mais presentes com indícios de crime, queixas, por aí fora.
Isso é um quadro que está perfeitamente legislado, não há volta a dar. Sabe-se o que têm a fazer os responsáveis das polícias e os agentes das polícias sabem o que têm a fazer e têm atuado com responsabilidade", explica.
José Gomes Ferreira defende que Portugal não deve deixar que aconteça o que tem acontecido em países europeus, como a França, a Bélgica e até o Reino Unido, onde existem “bairros fortaleza”, nos quais a polícia não entra.