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Operação no Martim Moniz: Governo está a juntar-se à "ventania populista alimentada pela extrema-direita"

O antigo líder socialista e presidente da Assembleia da República classificou a operação policial no Martim Moniz como "despropositada, desadequada e desproporcional". Para Eduardo Ferro Rodrigues, o Governo tem-se aproximado de uma "ventania populista alimentada pela extrema-direita".

Mariana Jerónimo

Eduardo Ferro Rodrigues manifestou, esta sexta-feira, o seu descontentamento perante a operação policial à zona do Martim Moniz. O antigo líder socialista e presidente da Assembleia da República diz estar "chocado" com o que observou e classificou a intervenção como "despropositada, desadequada e desproporcional".

"O que aconteceu pôs em causa a dignidade de toda uma rua, de dezenas de pessoas que foram obrigadas a encostar-se à parede para serem depois identificadas com a polícia extremamente armada. Coisa inusitada em Portugal e recato é o que não houve", disse Eduardo Ferro Rodrigues.

Esta sexta-feira de manhã, num comunicado enviado à Agência Lusa, o antigo líder do Partido Socialista (PS) condenou as declarações "indecorosas e irresponsáveis proferidas pelo primeiro-ministro", Luís Montenegro, sobre esta operação policial e concluiu: "Agora sim, é caso para dizer vergonha. Quem cala consente e não quer consentir".

"Deitei-me bastante tarde, mas com uma sensação que já não tinha há muitos anos que era de vergonha. Por termos um Estado a ser conduzido desta maneira. Parece um Estado policial da América Latina ou do Médio Oriente".

Eduardo Ferro Rodrigues diz-se "indignado" com a continuidade destas operações policiais e fala num "mau sinal" para o Governo e para o próprio país.

"O Governo em vez de combater essa perceção errada [de insegurança no país], faz o contrário. Junta-se a esta ventania populista alimentada pela extrema-direita e acabará por ser devorada pela extrema-direita e isso é que me preocupa".

Presidenciais 2026

Sobre os possíveis candidatos a Belém, Eduardo Ferro Rodrigues não se compromete com os nomes de Mário Centeno ou António Vitorino.

Quanto à possibilidade de ter um militar na Presidência da República, o antigo líder socialista encara com "estranheza" uma eventual candidatura de Gouveia e Melo e diz que as sondagens atuais "não valem nada".

- Com Lusa

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