A operação da Polícia de Segurança Pública (PSP) que decorreu, na quinta-feira, na zona do Martim Moniz, em Lisboa, gerou uma onda de indignação dentro e fora da esfera política. Resultou na detenção de duas pessoas de nacionalidade portuguesa e na apreensão de quase 4.000 euros em dinheiro, bastões, documentos, uma arma branca, um telemóvel e uma centena de artigos contrafeitos.
As autoridades garantem que foi preservada a integridade de todos os envolvidos, mas Daniel Oliveira considera que esta operação reflete um problema de desproporcionalidade.
"Houve um bairro inteiro que aceitou estar duas horas contra a parede e não reagiu. Querem maior prova da total desproporcionalidade daquilo?", questiona o comentador da SIC.
Daniel Oliveira recorda as palavras de Luís Montenegro que, na quinta-feira, justificou este tipo operações com o intuito de combater as "condutas criminosas", mas também aumentar a "tranquilidade dos cidadãos”.
O que dizem as perceções?
O Barómetro da Imigração, da Fundação Francisco Manuel dos Santos, divulgado esta semana, revelou que 68% inquiridos considera que a imigração é essencial para a vida económica do país. No entanto, 67% associa a imigração ao aumento da criminalidade em Portugal.
Várias imagens, captadas durante a operação policial no Martim Moniz, mostram dezenas de imigrantes encostados a uma parede. Daniel Oliveira alerta para o significado destas imagens e o impacto que podem ter na população portuguesa.
"Uma pessoa quando vê alguém encostado a uma parede parte do princípio de que é um criminoso. Isto acentua, evidentemente, a perceção de uma relação entre a imigração e a insegurança. O estudo [da Fundação Francisco Manuel dos Santos] demonstra como essa perceção é equivoca em relação há criminalidade. Não há relação".
Na opinião do comentador da SIC, o primeiro-ministro percebeu que já não tem margem para crescer à esquerda e preferiu adotar uma postura capaz de agradar ao Chega. Ao mesmo tempo alerta para os riscos da normalização do discurso da extrema-direita.