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Ensino Superior: no Porto há casos em que "o alojamento num mês pesa mais que as propinas num ano"

Depois de garantida a colocação numa universidade, pais e alunos enfrentam a procura de alojamento. No Porto, a oferta até existe, mas os preços exorbitantes das rendas obrigam muitos estudantes a viver com familiares ou a várias horas perdidas em transportes públicos.

SIC Notícias

Mãe e filhas vieram tratar da matrícula de Alexandra, a mais velha no Instituto Superior de Contabilidade e Administração do Porto.

A caloira de Comunicação Empresarial vai deixar Celorico de Basto e mudar-se para casa de familiares.

"Neste caso a pessoa em questão não me vai dizer nada (…) não era a primeira opção, mas vai ter de ser", garantiu Alexandra Meireles.

E vai ter de ser porque Alexandra não tem forma de arrendar um quarto para a filha.

"(…) tenho duas filhas, se pagar 400 ou 500€ por um quarto para a mais velha estudar o que é que eu dou de comer há mais nova?", questionou.

O problema do alojamento para estudantes não é um exclusivo do Porto, mas a dimensão da cidade faz com que os estudantes sofram ainda mais com a lei da oferta e da procura.

"O preço médio de um quarto, segundo o observatório do alojamento, são 400€. Contudo, numa breve pesquisa encontramos quartos a 500 ou 550€ e isto é um grande entrave à frequência do Ensino Superior", garantiu Francisco Porto Fernandes, presidente da Federação Académica do Porto.

"Temos casos que o alojamento num mês pesa mais que as propinas num ano", acrescentou.

Há por isso que procurar todo o tipo de alternativas. Joana, por exemplo vai agora trocar de casa pela terceira vez em três anos e já encontrou uma solução para ter uma renda mais baixa.

"(…) vamos transformar a sala num quarto para podermos pagar cada uma 300€", garantiu.

Já no caso de Diogo, a situação está mais complicada. Não encontra quarto a um preço acessível e pondera por isso deixar de viver no Porto.

"Se não encontrar casa terei de vir todos os dias de Braga, uma viagem aproximadamente de 1h30", contou.

E esta situação estará já a contribuir para afastar do Ensino Superior jovens com menos possibilidades económicas.

De acordo com a Federação Académica do Porto dos 50 mil colocados na 1ª fase há apenas 1600 alunos carenciados quando no ano passado seriam 2200.

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