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"Obviamente vamos recorrer", anuncia advogado de Ricardo Salgado

À saída do tribunal, o advogado de Ricardo Salgado, Francisco Proença de Carvalho, disse aos jornalistas que vai recorrer da condenação a seis anos e três meses de prisão. “A pessoa que conheci há 10 anos não existe”, declarou, sustentando que “o foco do recurso é a dignidade humana”.

Ana Lemos

Diogo Torres

Foi o primeiro a sair do Tribunal e a falar aos jornalistas, começando por “recuar dez anos” para justificar que a pessoa que, esta quinta-feira, foi condenada a mais de seis anos de prisão “já não existe”. Por isso, adiantou o advogado Francisco Proença de Carvalho, a defesa irá “até às ultimas possibilidades de recursos para evitar que uma injustiça e violação da mais básica dignidade humana seja afetada”.

“Vou recuar dez anos, quando conheci Ricardo Salgado e a pessoa que hoje já não existe, e essa pessoa quereria que eu dissesse o seguinte: ‘tenho muito respeito institucional pelas decisões dos tribunais’” porque, disse o advogado essa “pessoa tinha um respeito profundamente institucional pelos governos, pelos poderes do Estado”.

Mas, prosseguiu, a defesa discorda da decisão tomada pelo tribunal que é “duplamente injusta”: primeiro porque desconsidera tudo o que se passou ao longo de meses neste tribunal, desconsidera a prova, e portanto obvimente vamos recorrer; em segundo lugar, e o que me incomoda bastante mais, no fundo está a punir alguém que já não existe, portanto pune mais do que o arguido, pune a família, a mulher cuidadora".

Francisco Proença de Carvalho fez questão de destacar, por diversas vezes, que o cliente sofre da doença de Alzheimer e “não sabe o dia em que estamos, a idade que tem, não tem autonomia, tem os poderes congnitivos bastante afetados” e porque o fez? Para referir que “obviamente não pode cumprir a pena, a lei diz expressamente que a pena tem de ser suspensa”.

"Portanto não quero acreditar que só porque o meu cliente se chama Ricardo Espírito Santo Silva Salgado terá um direito diferente dos restantes cidadãos", vincou, garantindo que “esta defesa irá até às ultimas possibilidades de recursos para evitar que uma injustiça e violação da mais básica dignidade humana seja afetada”.

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