País

"Sentença quis evitar terramoto na Justiça", diz Manuel Pinho

Manuel Pinho foi condenado a dez anos de prisão pelos crimes de fraude fiscal, branqueamento de capitais e corrupção. O antigo ministro da Economia disse que o Tribunal ignorou as mais de 100 testemunhas do processo e quis "evitar um terramoto".

Ana Lemos

Diogo Torres

À saída do Tribunal, o antigo ministro Manuel Pinho falou aos jornalistas sobre a sentença que conheceu, esta quinta-feira, no caso EDP, assegurando ter a “certeza absoluta” de que “depois dos recursos e com o tempo vai chegar-se à conclusão de que não cometi nenhum crime”.

Numa declaração, em recusou por várias vezes responder às questões colocadas pelos jornalistas, Manuel Pinho começou por agradecer à família, amigos, aos seus alunos, às pessoas com quem se foi cruzando “à porta do tribunal ou na estação de comboio", e lamentou que a mulher tenha sido “condenada por ser casada” com ele.

Certo é que, disse, “vamos recorrer porque a sentença não tem nada a ver com o que se passou no tribunal. (…) Tínhamos uma estratégia para este julgamento, em primeiro lugar para que fosse rápido e depois uma grande aposta na transparência” - ponto em que, disse, os jornalistas foram “fundamentais porque relataram de uma forma precisa, honesta e fidedigna tudo o que se passou aqui".

Porém, a decisão do tribunal foi num outro sentido e para Manuel Pinho há uma razão: “Evitar um terramoto na justiça. Estou a ser investigado há 12 anos, estou em prisão domiciliária há dois anos e meio, e se não saísse daqui com uma condenação, os apenas 2% dos portugueses acreditam pouco na justiça, passavam a ser 0%”.

“Portanto nem sequer vos pergunto se estes juízes decidaram com base na verdade ou para evitar um terramoto. (…) Hoje inaugurámos aqui uma nova situação que é os juízes tomarem uma decisão ignorando o que as testemunhas disseram. (…) Não houve uma testemunha que apoiasse a tese da acusação, portanto foi uma vitória de 120 a zero, este tribunal tomou uma decisão com base em convicções".

Mas, concluiu, garantindo ter a “total consciência” de que não cometeu nenhum crime, de que “depois dos recursos e com o tempo vai chegar-se” a essa conclusão. Até porque, rematou Manuel Pinho, o julgamento de hoje "é baseado na imaginação".

Últimas