Os agricultores da região Oeste concentram-se, esta quinta-feira, no Bombarral e seguir em marcha lenta pela Estrada Nacional 8 (EN8) até Caldas da Rainha para protestarem contra os problemas no setor.
Cerca de 70 tratores e de outros veículos começaram pelas 08:45 a sair do Bombarral em marcha lenta até Caldas da Rainha.
"Basta de lucros milionários à custa da produção", "o nosso fim é a vossa fome", "o fim da agricultura de hoje é a fome de amanhã", lê-se em alguns cartazes que os agricultores levam nos veículos.
O Movimento Cívico dos Agricultores do Oeste acusa a Ministra da Agricultura de mentir e de já não se preocupar com o setor por estar de saída. José António Marcelino reforça a mensagem que os agricultores estão a perder dinheiro a cada ano que passa.
"A ministra está de saída. A ministra que nunca ouve, que viveu num País das Maravilhas – ela é uma autêntica Alice no País das Maravilhas. Ela nunca sentiu o que é a agricultura", afirma em declarações à SIC Notícias.
E acrescenta: "Nessa parte dos dinheiros, eu acho que ela, agora para o fim, a única coisa que faz é mentir. Está de saída, é fácil mentir porque vai sair airosa."
A marcha lenta é organizada pelo Movimento Cívico de Agricultores da Região Oeste, um movimento espontâneo criado entre os profissionais do setor na região.
Com o protesto, os agricultores querem "pressionar todos os partidos políticos sem exceção para porem na agenda da campanha eleitoral como pensam resolver os problemas da agricultura e, quem possa vir a ganhar as eleições, para olhar de outra maneira para a agricultura, que comece a pensar que temos de ter um Ministério da Agricultura bastante forte para que defenda a agricultura cá dentro e na Europa", afirmou à agência Lusa José Marcelino, do movimento.
"Neste momento, não vamos pedir nada ao atual Governo e à ministra da Agricultura, porque ela nunca existiu e nunca quis saber de nós e, como está de saída, não faz sentido reunirmo-nos com ela", esclareceu, quando questionado se iriam reunir-se com a governante, Maria do Céu Antunes.
Entre os principais problemas do setor, o movimento destacou a desigualdade das regras de controlo rigoroso da qualidade dos produtos agrícolas importados exigidos aos produtores portugueses.
"Não podemos estar a receber produtos que vêm fora da Europa com pesticidas que nós já não usamos há muitos anos e, se queremos o bem do consumidor, as regras têm de ser as mesmas", disse.
A "diferença muito grande" de preços entre o produtor e o consumidor, os elevados custos do gasóleo verde e da eletricidade verde, a carga fiscal e a demora na execução de infraestruturas para retenção e regadio agrícola são outros dos problemas, para os quais pretendem medidas.
"Não podemos deixar a água ir toda para o mar [quando chove] e não a aproveitarmos. Tem de haver investimento para não se passar o mesmo que está a acontecer no Algarve", salientou.
Os agricultores vão concentrar-se pelas 07:30 de quinta-feira, junto ao hipermercado do Grupo Sonae no Bombarral, donde partem, em marcha lenta, pela EN8, em direção a Óbidos, parando junto à Igreja de Nossa Senhora da Pedra, para se juntarem mais agricultores.
Daí continuam pela EN8 até Caldas da Rainha, onde têm prevista uma paragem no largo da feira, por cima da unidade de Caldas da Rainha do Centro Hospitalar do Oeste, e circulação pelo centro da cidade, com passagem em frente à delegação do Oeste da Direção Regional de Agricultura e Pescas de Lisboa e Vale do Tejo.
Deverão integrar a marcha lenta máquinas agrícolas e veículos de agricultores dos concelhos de Torres Vedras, Cadaval, Lourinhã, Bombarral, Óbidos, Alcobaça e Caldas da Rainha.
Agricultores de São Miguel decidem novas ações de luta
O Movimento Cívico de Agricultores de São Miguel, nos Açores, irá reunir-se na noite desta quinta-feira para decidir as próximas ações de luta a realizar, depois de ter sido cancelada uma concentração.
Segundo o porta-voz do grupo, Fernando Mota, a concentração inicialmente prevista para esta quinta-feira, cuja hora não chegou a ser definida, foi cancelada, e os agricultores de São Miguel vão reunir-se, a partir das 20:00 locais (21:00 em Lisboa), na freguesia de Covoada, no concelho de Ponta Delgada, "para decidir as formas de luta a realizar".
Na reunião, os agricultores presentes irão decidir "o que querem fazer, quais são as próximas ações de luta", referiu na quarta-feira o responsável, em declarações à agência Lusa.
Na passada quinta-feira, no final de uma marcha lenta que juntou "cerca de 400" viaturas de agricultores, entre tratores, carrinhas e veículos ligeiros, o Movimento Cívico de Agricultores de São Miguel tinha decido realizar uma nova concentração.
A iniciativa serviria para transmitir ao setor um ponto de situação das reivindicações, após o protesto ter terminado sem a prevista entrega de um manifesto à direção da Associação Agrícola de São Miguel.
O protesto da semana passada teve início cerca das 10:30 locais (11:30 em Lisboa) junto da sede da Associação de Jovens Agricultores Micaelenses, nos Arrifes (Ponta Delgada) e terminou, depois das 14:30 locais, à porta da Associação Agrícola de São Miguel (em Santana, Rabo de Peixe, concelho da Ribeira Grande).
Os agricultores tinham inicialmente previsto entregar um manifesto com as suas reivindicações ao presidente da Associação Agrícola de São Miguel e da Federação Agrícola dos Açores, Jorge Rita, mas não chegaram a fazê-lo, alegando que o dirigente não defende a classe.
No caderno reivindicativo, a que a Lusa teve acesso, os agricultores de São Miguel pedem, entre outras medidas, a prorrogação do prazo das candidaturas "no apoio direto aos jovens para diminuir os sobrecustos de pagamentos à Segurança Social", "no apoio direto ao sobrecusto do aumento das taxas de juro" e no apoio à transição digital e inovação previstos no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), para a inclusão de sistemas automáticos de alimentação animal e ordenha.
A descida do imposto sobre os produtos petrolíferos do gasóleo agrícola, a redução do preço das rações, e a aplicação de um sistema Simplex no licenciamento às explorações e na autorização de corte de matas são outras das exigências.