O representante da República na Madeira, Ireneu Barreto, recebe neste momento o ainda presidente do Governo regional da Madeira, Miguel Albuquerque.
Deste encontro, que deverá durar uma hora, poderá sair uma decisão final sobre se Miguel Albuquerque renuncia no imediato às funções de líder do Executivo regional ou se permanece no cargo, em gestão, pelo menos até março, altura em que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, volta a ter poderes para dissolver a Assembleia Legislativa da Madeira.
Se Miguel Albuquerque continuar na chefia do Governo regional, o cenário de sucessão imediata cai por terra (e há cinco nomes em cima da mesa). Caso renuncie já, colocam-se duas hipóteses, como explica a repórter Inês de Oliveira Martins
Esta manhã, Miguel Albuquerque esteve reunido com o líder do grupo parlamentar do PSD Madeira, Jaime Filipe Ramos. Um encontro que terminou por volta das 11:00.
A lista de potenciais sucessores
Com a saída imediata de Miguel Albuquerque da presidência do Governo regional da Madeira, o Conselho Regional do PSD vai reunir-se para nomear um sucessor.
A SIC teve acesso a uma lista de cinco nomes apresentados por Miguel Albuquerque à Comissão Política Regional do partido na sexta-feira. São todos atuais secretários regionais. Pedro Ramos, Rafaela Fernandes, Eduardo Jesus, Jorge Carvalho e Ana Maria Freitas. Um deles deverá assumir a liderança do Governo Regional.
Miguel Albuquerque excluiu nomes que pudessem ter ligações aos grandes grupos económicos da Madeira. Procura, assim, afastar a possibilidade de estarem envolvidos na alegada teia de corrupção que está a ser investigada e que o fez deixar o cargo.
A ideia de um sucessor fora do atual Executivo, como chegou a ser inicialmente apontado, ficou igualmente excluída.
Detidos por suspeitas de corrupção começam hoje a ser ouvidos
Os três detidos na quarta-feira por suspeitas de corrupção na Madeira, entre os quais o presidente da Câmara do Funchal, Pedro Calado (PSD), começam hoje a ser interrogados, em Lisboa.
O arranque dos trabalhos está marcado para as 14:00, no Tribunal Central de Instrução Criminal, no Campus de Justiça.
Depois de terem sido identificados na sexta-feira, no sábado os arguidos também estiveram no tribunal, mas os interrogatórios "não começaram formalmente", de acordo com Paulo Sá e Cunha, advogado do presidente da Câmara do Funchal.
Em declarações aos jornalistas no sábado, Paulo Sá e Cunha explicou que durante esse dia foram completados "determinados elementos de prova que ainda não estavam disponíveis no processo".
Na sequência deste processo, Pedro Calado decidiu renunciar ao cargo de presidente da Câmara do Funchal, porque "entendeu que era a conduta adequada face às circunstâncias que está a atravessar", revelou ainda no sábado o advogado do autarca.
Segundo fonte judicial, o processo foi distribuído ao juiz Jorge Bernardes de Melo, do Tribunal Central de Instrução Criminal, e os arguidos e os advogados tiveram na sexta-feira acesso aos factos em causa e aos elementos de prova sobre o caso desencadeado pela Polícia Judiciária (PJ) e pelo Ministério Público (MP).
Ainda de acordo com fonte judicial, o inquérito vai começar pelo empresário Custódio Correia, que é o principal acionista do grupo ligado à construção civil Socicorreia, seguindo-se Avelino Farinha, líder do grupo de construção AFA, e, por último, o presidente da Câmara do Funchal.
Os três arguidos foram detidos na quarta-feira, na sequência de cerca de 130 buscas domiciliárias e não domiciliárias efetuadas pela PJ sobretudo na Madeira, mas também nos Açores e em várias zonas do continente.
A operação também atingiu o presidente do Governo Regional (PSD/CDS-PP), Miguel Albuquerque, que foi constituído arguido e anunciou na sexta-feira que vai abandonar o cargo, apesar de inicialmente ter afirmado que não se demitia.
Em causa estão suspeitas de corrupção ativa e passiva, participação económica em negócio, prevaricação, recebimento ou oferta indevidos de vantagem, abuso de poderes e tráfico de influência, segundo a PJ.