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Luís Montenegro reage às buscas na Madeira que envolvem Miguel Albuquerque

O líder do Partido Social Democrata foi interpelado pelos vários partidos da Assembleia da República para esclarecer se mantém confiança em Miguel Albuquerque. Antes de se pronunciar, o presidente da Madeira admitiu que não se ia demitir.

Maria Madalena Freire

SIC Notícias

Luís Montenegro afirmou esta quarta-feira que as buscas na Madeira que envolvem Miguel Albuquerque "não têm impacto direto" na campanha para as Legislativas, mas que são uma "perturbação", tendo em conta que desvia a atenção dos portugueses para o que considera importante: os programas eleitorais. Em relação à confiança política, o líder do PSD não é explícito, mas esclarece que nada muda.

“Do ponto de vista da campanha, não tem impacto direto, mas é uma perturbação naquilo que é a atenção que os portugueses têm aa apresentação de propostas”, afirmou o líder do PSD no Centro de Congressos de Lisboa, onde estava prevista a apresentação do programa económico da AD.

Luís Montenegro expressou também desejo para que a investigação “decorra com rapidez, diligência, e que o quadro de suspeita possa ser alterado e esclarecido de maneira que não haja responsabilidade do presidente regional e da Câmara Municipal”, referindo-se a Miguel Albuquerque e Pedro Calado, respetivamente.

“A informação que tenho é limitada, já sabemos que os processos terão a ver com contratação publica e envolvência de contratos realizados pelo Governo regional. Espero que o esclarecimento seja rápido e elucidativo para que haja funcionamento normal da Justiça”, esclareceu.

Apesar disso, o social-democrata relembrou que “ninguém esta acima da lei e não é por estas pessoas exercerem funções pelo PSD que é diferente”.

Daí, segundo Montenegro, tem de se deixar decorrer a investigação e, depois, “deve haver responsabilidade se houver ou ilibar se for o caso”.

A respeito das semelhanças entre a posição de Miguel Albuquerque, líder do Governo regional, e António Costa, que se demitiu por ter sido visado na conhecida Operação Influencer, Luís Montenegro rejeitou essas comparações.

“As diferenças são mais do que muitas, mas não vou estar a deter-me nisso, eu sou da opinião que não foi um parágrafo que esteve na génese da demissão do primeiro-ministro”, respondeu aos jornalistas.

Por fim, sobre se continua a ter confiança política no líder dos sociais-democratas na Madeira, Luís Montenegro considerou que “com a informação” que está disponível, do “do ponto de vista político não há nada que mude”. No entanto, ressalvou que “a evolução do processo pode levar a mudanças”.

O PSD tinha na agenda para hoje a apresentação do programa económico da Aliança Democrática às 16:30 no Centro de Congressos de Lisboa. Esse evento foi naturalmente adiado devido às buscas na Madeira que envolvem o Miguel Albuquerque e Pedro Calado.

A essa hora estava Miguel Albuquerque a prestar declarações aos jornalistas, onde admitiu que não se iria demitir e mostrou-se disponível para colaborar “de forma ativa” com a PJ e os procuradores na investigação do Ministério Público.

O que está em causa?

Recorde-se que esta quarta-feira, na sequência de buscas levadas a cabo pela PJ na Madeira, foram detidos Pedro Calado, presidente da Câmara do Funchal, e ainda dois gestores: Avelino Farinha, líder do Grupo AFA, e Custódio Correia.

O Ministério Público informou que as diligências ocorreram no âmbito de três inquéritos e que em causa estão factos ocorridos a partir de 2015, suscetíveis de consubstanciar crimes de atentado contra o Estado de direito, prevaricação, recebimento indevido de vantagem, corrupção passiva, corrupção ativa, participação económica em negócio, abuso de poderes e de tráfico de influência.

No total, decorreram mais de 100 ações que envolveram quase 300 inspetores e agentes.

Segundo as suspeitas, Miguel Albuquerque, presidente do Governo Regional, e Pedro Calado, presidente da Câmara do Funchal, facilitaram obras e terão sido recompensados por isso.

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