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"Tónica de mudança" marca Convenção da AD

O analista de Ciência Política Bruno Costa realça alguns momentos da Convenção da Aliança Democrática, que decorreu este fim de semana. Na opinião do especialista, as intervenções permitiram passar "essa imagem de unidade e de mudança".

SIC Notícias

No dia após a Convenção da Aliança Democrática (AD), que decorreu este fim de semana, o analista de Ciência Política Bruno Costa realça alguns momentos do encontro. Frisa que a “tónica de mudança” que envolveu todos os discursos foi a principal marca desta convenção.

O analista começou por afirmar que o dia de assinatura e fecho do acordo da AD foi “eclipsado” pelo congresso dos socialistas, “e depois também pela Convenção do Chega”.

“Este fim de semana todas as atenções mediáticas estavam centradas, precisamente, neste dia completo e neste conjunto de intervenções de vários elementos do PSD, de vários elementos do CDS, de antigos governantes, para permitir precisamente passar essa imagem de unidade e de mudança”, afirma Bruno Costa.

Reaproximação com os pensionistas?

O presidente do PSD afirmou este domingo que é tempo de o partido se “reconciliar com os pensionistas e reformados de Portugal”, anunciando "um apoio a 100%" para medicamentos em situações de comprovada insuficiência económica para doenças crónicas."

“Há aqui essencialmente um objetivo, de certo modo, de se aproximar de fazer as pazes com o eleitorado que entre 2011 e 2015 terá fugido ao PSD”, afirma Bruno Costa.

Luís Montenegro reiterou o compromisso anunciado no último Congresso extraordinário de "valorizar as pensões seguindo os critérios da lei, valorizar mais aquelas que são mais baixas" e aumentar o valor de referência do Complemento Solidário para Idosos para 820 euros numa primeira legislatura e "igual ao Salário Mínimo Nacional" numa eventual segunda legislatura.

“É um eleitorado decisivo. É um eleitorado que todos os estudos eleitorais comprovam que têm um índice de participação eleitoral mais elevado, portanto, votam, votam mais e é uma faixa etária que tem votado mais à esquerda, mais no Partido Socialista. Portanto, a coligação sabe que para conseguir vencer no cômputo geral as eleições precisa, se não necessariamente vencer neste eleitorado, pelo menos atenuar o fosso”, explica.

Santana Lopes refere “líder carismático”

O antigo presidente do PSD Pedro Santana Lopes juntou-se este domingo de surpresa à convenção da AD, onde elogiou o "líder carismático e determinado" do PSD

“Uma nota muito importante, que foi dada precisamente por Pedro Santana Lopes, e que tem sido uma diferença assinalada entre PS e PSD, ou seja, nos momentos de combate eleitoral, o Partido Socialista tem demonstrado uma unidade inquebrável. Enquanto que o PSD não tem apresentado essa capacidade e Pedro Santana Lopes chama a atenção”.

Pedro Passos Coelho falha encontro

“Do meu ponto de vista, Luís Montenegro tem de utilizar de um modo muito parcimonioso a figura de Pedro Passos Coelho, não só porque foi o rosto precisamente desse governo, não só porque há uma identificação clara entre o Governo de Passos Coelho e as medidas duras que foram adotadas nesse nesse período, mas não se pode distanciar totalmente, uma vez que há uma parte significativa do eleitorado de centro-direita que reconhece a sua capacidade de governação”, acrescenta.

O analista refere que outras figuras poderão surgir nas próximas semanas para demonstrar apoio pelo líder dos sociais democratas, referindo que tem de mostrar “capacidade de liderança e de poder”.

“Durante o próximo mês e meio, teremos eventualmente também intervenções, por exemplo, de Manuela Ferreira leite, de Durão Barroso e mesmo de Pedro Passos Coelho, sem fazer essa ligação tão direta e mostrando uma capacidade de liderança por parte de Luís Montenegro, ou seja, afastar-se também aqui de um chapéu e da ideia de que Pedro Passos Coelho seria o Salvador desta família política”, conclui.

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