Nos últimos dois anos, a Entidade Reguladora da Saúde recebeu quase duas mil reclamações relacionadas com falhas no acompanhamento durante a prestação de cuidados hospitalares.
Só no ano passado, a Entidade Reguladora da Saúde recebeu 944 queixas relacionadas com problemas no acompanhamento de doentes à chegada aos serviços de urgência de hospitais públicos. Em 2022 foram 1.018. Doentes dependentes a quem foi negada a presença de um acompanhante.
“Durante a pandemia os acompanhantes não podiam entrar no serviço de urgência ou internamento. Quando a pandemia terminou o processo de regresso aos procedimentos normais demorou algum tempo. Alguns hospitais podem ainda estar nesse processo, mas não existe qualquer justificação para que esse direito esteja limitado”, alerta Xavier Barreto.
O presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares sublinha ainda que os hospitais devem ter atenção redobrada quando se trata de idosos.
“Quando o doente tem um acompanhante isso é importante para melhorar até a comunicação com a equipa. Há essa vantagem. Particularmente os mais idosos, têm dificuldade em comunicar com a equipa clínica e ter um acompanhante ajuda nesse processo.”
No que respeita às queixas sobre falhas nos procedimentos de alta dos doentes, a Entidade Reguladora da Saúde refere que triplicaram em 2023, tendo recebido 116 reclamações. No ano anterior tinham sido registadas 38.
Nestes casos, são doentes dependentes que tiveram alta sem que fosse contactado o acompanhante. Ou então que não tiveram acompanhamento durante a permanência na unidade hospitalar.
Poderá ter sido uma destas falhas no caso de Avelina Ferreira, de 73 anos. Recorde-se que a idosa saiu do Hospital de São Francisco Xavier, em Lisboa, a 12 de dezembro, sem que ninguém desse conta.
A família garante que avisou por diversas vezes que a idosa sofria de demência.
A lei de 2014 permite ao marido que a tivesse acompanhado. O que não aconteceu porque o hospital recusou. Avelina Ferreira de 73 anos está desaparecida há mais de um mês.