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Dezenas de pessoas em vigília por idosa que desapareceu de hospital em Lisboa

A vigília silenciosa em frente à Assembleia assinala um mês do desaparecimento da mulher de 73 anos. A idosa com Alzheimer saiu do hospital São Francisco Xavier pelo próprio pé e nunca mais apareceu. A SIC falou com a filha da desaparecida.

Cláudia Machado | SIC

Rita Rogado

Cláudia Machado

Dezenas de pessoas participaram esta quinta-feira numa vigília, em frente à Assembleia da República, em Lisboa, para sensibilizar para o tema do desaparecimento. Foi organizada por familiares de Avelina, uma idosa com Alzheimer desaparecida desde 12 de dezembro.

A vigília, que reuniu perto de 20 pessoas, assinala um mês do desaparecimento da mulher de 73 anos do hospital São Francisco Xavier.

A iniciativa “pela Avelina”, organizada por familiares e amigos, quer sensibilizar para o desaparecimento de pessoas com demência. Nos papeis lia-se:

“A história de Avelina podia ser a tua ou de alguém que gostas!”.

Os cartazes remetem para uma petição pública que pretende “melhorar a prevenção e resposta ao desaparecimento" de pessoas com demência. Até esta quinta-feira à tarde, foi assinada por cerca de 2.630 pessoas.

Família "sem respostas", casos sem crime “caem no vazio”

Susana Ferreira, filha de Avelina, conta à SIC que o processo “tem sido horrível” porque a família “não tem respostas”.

“Os casos de desaparecimento de adultos sem indício de crime caem numa espécie de vazio, é muito difícil perceber diligências da polícia”, refere.

A filha da desaparecida destaca que é importante “minimizar” o desaparecimento de pessoas com demência, até porque “80% das pessoas com quem tem falado” têm familiares com este tipo de doenças.

Susana Ferreira indica que as autoridades fizeram buscas com cães e drones, no entanto, “não deram em nada”. “Não fizeram mais nada”, critica.

O Hospital São Francisco Xavier nunca falou oficialmente com a família, critica a filha da vítima. O contacto foi feito apenas em privado por profissionais de saúde que contactaram com a idosa.

A vigília silenciosa esteve inicialmente marcada para um local perto do Hospital São Francisco Xavier, de onde Avelina desapareceu. No entanto, o local foi alterado para junto da Assembleia da República.

A petição pede ao Governo e à Assembleia da República uma alteração da lei 15/2014 [que consolida a matéria de direitos e deveres do utente dos serviços de saúde], nomeadamente através da adição de um regime normativo sancionatório em caso de incumprimento do direto de acompanhamento de pessoas em situação de vulnerabilidade e dependência, nomeadamente com demência.

Desaparecimento de Avelina: o que se sabe

Avelina Ferreira chegou de ambulância às urgências do hospital. Apesar de ter demência, o marido foi impossibilidade de a acompanhar.

Cerca de uma hora depois, enquanto esperava sozinha numa sala do hospital, a mulher de 73 anos saiu pelo próprio do Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa, no dia 12 de dezembro de 2023, e nunca mais apareceu.

Só deram conta do desaparecimento de Avelina às 21:30, quando o marido questionou o hospital sobre o estado da mulher.

De acordo com um comunicado do Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, a que pertence o Hospital São Francisco Xavier, "foi registado no processo clínico o bom estado geral da senhora", bem como o facto de estar "nos momentos de interação, consciente, orientada e colaborante com os profissionais".

A idosa com Alzheimer terá sido vista na zona de Algés após sair do hospital, no entanto, não há certezas de que seria mesmo ela.

Na altura do desaparecimento, vestia umas leggings pretas, camisola de malha azul escura e chinelos do hospital.

Na internet foi lançado o movimento “Vamos encontrar a Avelina”.

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