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Produtores algarvios avisam que "preços vão aumentar" com limite ao consumo de água

A Comissão interministerial define esta quarta-feira medidas para a seca no Algarve. Entre as propostas para contrariar a seca algarvia têm sido apresentadas soluções que passam pela redução de consumo de água na ordem dos 70% para o setor agrícola e 15% para os consumidores urbanos.

SIC Notícias

Lusa

A comissão que acompanha os efeitos da seca reúne-se esta quarta-feira em Faro com a presença do Governo, quando é esperado um plano para limitar o consumo de água no Algarve, que atravessa a maior seca desde que há registo.

A 18.ª Reunião da Comissão Permanente de Prevenção, Monitorização e Acompanhamento dos Efeitos da Seca será esta quarta-feira presidida pelo ministro do Ambiente e da Ação Climática, Duarte Cordeiro, e pela ministra da Agricultura e da Alimentação, Maria do Céu Antunes, a partir das 14:30, na sede da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve, em Faro.

Entre as propostas para contrariar a seca algarvia têm sido apresentadas a autarcas e outras associações do Algarve, nomeadamente no turismo e na agricultura, soluções que passam pela redução de consumo de água na ordem dos 70% para o setor agrícola e 15% para os consumidores urbanos.

O ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, reconheceu que a situação é grave e afirmou que o Governo está a ponderar reduzir a pressão, suspender segundos contadores e ainda penalizações para quem consuma mais água.

No caso do setor agrícola, Duarte Cordeiro destacou ser necessário assegurar a agricultura de sobrevivência através de uma redução das disponibilidades hídricas da albufeira de Odeleite em 70% e da do Funcho-Arade em 50%.

É esperada ainda este mês a abertura de um concurso para a construção de uma central de dessalinização para a zona de Albufeira, com capacidade para 16 milhões de metros cúbicos.

Pelo seu lado, a ministra da agricultura, Maria do Céu Antunes, já admitiu que, para minimizar a situação de seca, poderão ser reabilitados furos e recorrer-se a "pequenas dessalinizadoras móveis" na agricultura algarvia.

Agricultores, produtores e regantes contra as medidas

Estas medidas têm sido contestadas por associações de agricultores e produtores algarvios, assim como os regantes do sotavento do Algarve, que consideram os cortes de água previstos, "incomportáveis", "desequilibrados" e "injustos".

Ainda assim, dizem estar confiantes que a reunião desta tarde com a comissão que acompanha os efeitos da seca possa reverter as propostas.

“Queremos acreditar que os nossos argumentos possam sensibilizar quem decide para efetivamente reduzir a discrepância nos cortes e que seja revisto o que está previsto”, garante José Oliveira, membro da Associação de Produtores Citrinos Algarorange.

Caso o Governo avance com as medidas previstas para limitar o consumo de água, os produtores garantem que irá haver um aumento significativo no preço das laranjas já nos próximos meses.

“ A produção irá baixar, a qualidade também e numa situação destas os preços vão aumentar”, acrescentou.

Após a reunião desta quarta-feira, deverá ser publicada uma resolução que reunirá o conjunto das decisões em curso.

O Algarve está a passar pela maior seca de que há registo, a região precisa de 75 milhões de metros cúbicos por ano para o abastecimento público, atualmente, as seis barragens apenas têm disponíveis 51 milhões.

Com LUSA

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