Mariana Mortágua, líder do Bloco de Esquerda, assumiu que o partido está disponível para negociar uma “geringonça”, após as legislativas de 10 de março, para “fazer o que nunca foi feito”.
Em conferência de imprensa em Lisboa, esta sexta-feira, a coordenadora do Bloco garantiu que o partido “o compromisso da negociação de um acordo de maioria” à esquerda.
“O voto no Bloco garante que haverá em Portugal uma maioria comprometida com soluções de esquerda”, afirmou.
Para a “bloquista” a “mera soma de deputados” não faz uma maioria estável e acrescentou que essa estabilidade só será possível com “políticas concretas”. De seguida, apresentou os pontos que não ficam de fora do programa do Bloco de Esquerda.
Salários
Declarou que o aumento real dos salários “é o mínimo de justiça para quem trabalha”, tal como “novas regras contra a precariedade”.
“Portugal deve querer ter salários ao nível da Europa, recuperar os mecanismos de contratação e negociação coletiva e reduzir o horário de trabalho”, apontou.
Habitação
Baixar os preços das casas, dos juros e das rendas, ao mesmo tempo que se aumenta a oferta pública de habitação e se combate a especulação imobiliária são, para o BE, as condições necessárias “para travar o empobrecimento e a expulsão das cidades de quem lá vivia, ou bloqueio à independência dos mais jovens por falta de acesso à habitação”
Cuidados
Sobre este tema, Mariana Mortágua disse que é essencial existir uma resposta de cuidados dignos para a infância e para a velhice, de forma a combater o empobrecimento das famílias e a “dar segurança e autonomia às várias gerações”.
Saúde
Para um acesso universal à saúde é, segundo a líder do Bloco, imperativo que haja um “serviço público capaz de atender todas as pessoas com a melhor qualidade e no tempo necessário".
“Garanti-lo requer a reforma do SNS, com mais investimento, melhores condições para atrair e fixar os seus profissionais e com a implantação de novas valências hoje ausentes do SNS”, afirmou.
Educação
Destacou que o respeito pela condição de estabilidade, qualificação dos docente deve ser uma prioridade. Para Mortágua, o recrutamento de mais professores para as escolas públicas “só é viável” se forem criadas “melhores condições de remuneração e carreira”. Atirou ainda que o reconhecimento do tempo de serviço perdido “é mesmo para cumprir”.
Clima
A coordenadora do BE sublinhou que é necessário um programa para a justiça climática, com vista à redução de emissões e à “adaptação do território” e de “um programa industrial, de emprego qualificado e de coesão social e territorial, capaz de alterar padrões de produção, transporte e consumo”.
No final do discurso, revelou que o partido vai apresentar o seu programa eleitoral no próximo dia 20 e não deixou de referir que o Governo do PS “caiu por responsabilidade própria”.
“Uma vez alcançado o objetivo da maioria absoluta, o Governo enredou-se na sua incapacidade de resposta aos problemas do país e agravou a crise social em questões determinantes para a vida de quem trabalha”, apontou.