Numa entrevista conduzida por Ana Patrícia Carvalho, Inês de Sousa Real abordou o recuo do PS na proposta do aumento do IUC para 2024, a crise política que o país vive mergulhado devido à “Operação Influencer” e as eleições legislativas marcadas para o próximo ano.
Esta terça-feira, o PS apresentou uma proposta para eliminar o aumento do IUC para veículos anteriores a 2007 do Orçamento do Estado para 2024 defendendo que é “uma questão de justiça social e proteção dos cidadãos com maior vulnerabilidade económica".
“Recuo do PS no aumento do IUC? É uma medida eleitoralista”
Para a porta-voz do PAN, esta medida “peca por tardia” e trata-se, na sua opinião de ato eleitoralista para as próximas eleições legislativas. Inês de Sousa Real deu ainda uma bicada ao Governo por não acompanhar uma proposta do seu partido que defendia a aprovação de passes gratuitos para jovens até aos 25 anos.
"É uma medida que peca por tardia, mas que acaba por ter um fundo eleitoralista, porque o PS vem muito tarde dar a mão a uma pretensa preocupação ambiental, invés punir as grandes petrolíferas. Não deixa de ser curioso que o Governo deixe cair a proposta do aumento do IUC e que não venha em contrapartida vir de encontro com a proposta do PAN em aprovar os passes gratuitos para jovens até 25 anos", começou por dizer Sousa Real.
"O Orçamento de Estado ainda tem um longo caminho a fazer"
Em relação ao Orçamento de Estado para o próximo ano, a deputada única do Pessoas - Animais - Natureza disse que o programa “ainda tem um longo caminho a percorrer” devido à situação atual que as famílias portuguesas estão a viver.
"O documento do Orçamento de Estado para 2024 ainda tem um longo caminho a fazer porque precisamos de reduzir a carga fiscal para as famílias. Temos uma crise de habitação que está a atingir as famílias e o aumento do custo de vida face à inflação e o Governo tem de ter mais ambição e não uma visão muito curta", referiu.
“António Costa com as funções de Galamba era o único caminho a seguir”
Esta quinta-feira, a Presidência da República anunciou que António Costa vai assumir as funções de João Galamba, que se demitiu do cargo de ministro das Infraestruturas. Para Sousa Real, este era o único caminho a seguir.
"Não fazia sentido num Governo demissionário numa pasta tão sensível com esta que houvesse a nomeação de um novo ministro. No nosso entender, António Costa era o único caminho. Mas o PAN quer que vá mais longe, porque esta 'Operação Influencer' tem por detrás de si um pacote legislativo que tem de ser revogado. As políticas do Governo têm estado a falhar na questão ambiental, tem sido investido erradamente o dinheiro dos portugueses", atirou.
Caso Centeno: "Não devem existir portas giratórias entre cargos políticos e cargos governativos
A Comissão de Ética do Banco de Portugal considerou que Mário Centeno cumpriu os deveres de conduta, ao ser proposto por António Costa para a liderança do Governo. A porta-voz do PAN discorda com o parecer da entidade e defendeu que não deve “haver portas giratórias entre cargos governativos”, e acrescentou ainda que Centeno "devia estar mais focado no impacto das taxas de juro do que vestir a camisola do Partido Socialista".
"Por principio, o PAN tem defendido que não devem existir portas giratórias entre cargos políticos e cargos governativos, como o governador do Banco de Portugal, que devia estar mais preocupado com o impacto da subida da taxa de juros na vida dos portugueses em vez de vestir camisola do Partido Socialista", afirmou.
"O PAN é sem dúvida útil para a democracia"
Com eleições legislativas marcadas para 10 de março, Inês de Sousa Real traçou como objetivo recuperar o grupo parlamentar do PAN, perdido nas últimas eleições, e defendeu que o partido "é sem dúvida útil para a democracia".
"Recuperar o grupo parlamentar do PAN, é esse um dos nossos grandes objetivos. O PAN apresenta-se como uma alternativa. É sem dúvida útil para a democracia", concluiu, acrescentando que o partido rejeita acordos com o Chega.