País

A entrevista de Pedro Nuno Santos, candidato à liderança do PS

Em entrevista à SIC, Pedro Nuno Santos falou sobre a demissão de João Galamba, a possibilidade de coligação entre PSD e Chega, a TAP, os erros que cometeu e se está ou não aberto a coligações nas próximas eleições.

Ana Luísa Monteiro

SIC Notícias

Pedro Nuno Santos, candidato à liderança do Partido Socialista, revelou esta segunda-feira, numa entrevista à SIC, que não se opunha à solução de passar os comandos do Governo a Mário Centeno, Governador do Banco de Portugal.

“Não me opus a essa solução. Qualquer que fosse a decisão do Presidente da República tinha que trabalhar com ela. Não há nenhum entusiasmo particular com qualquer das soluções”, disse.

A notícia da demissão do primeiro-ministro, António Costa, foi recebida com surpresa e preocupação, principalmente, com o impacto que a Operação Influencer teve "na confiança dos portugueses, nas instituições democráticas e no Partido Socialista”. Sobre o ex-colega de Governo, João Galamba, admitiu que, se estivesse no seu lugar, se teria demitido.

“A partir de determinada altura, o raciocínio já não é só se temos ou não a verdade do nosso lado. É sobre o impacto da nossa manutenção e, aliás, foi esse o raciocínio que eu próprio fiz quando tive uma situação complicada”, justificou.

Pedro Nuno Santos não revelou quanto tempo demorou a tomar a decisão de se candidatar a secretário-geral do PS, mas fez saber que, a partir do momento que se abriu o processo eleitoral interno, se criaram condições para a sua candidatura. No entanto, o socialista fez questão de sublinhar que “este não é o momento é ideal ou preferido para qualquer candidato do partido”.

Questionado sobre a grande afluência de figuras do partido na apresentação desta segunda-feira, Pedro Nuno Santos não dá a vitória como garantida.

“Estiveram lá muitos militantes, foi um bom momento, mas as eleições só se ganham no momento do ato eleitoral, não antes e, por isso, é com muita humildade que farei o meu percurso até essa data”, argumentou.

O anúncio do aeroporto foi um “erro”?

No discurso de apresentação na sede do Partido Socialista, Pedro Nuno Santos fez questão de mencionar os seus erros que cometeu e as cicatrizes que foi ganhando ao longo do percurso político.

“Nós somos seres humanos em tudo o que isso significa, seja nas qualidade e nos defeitos, nos sucessos, nas realizações, mas também nos nosso erros”, referiu.

No entanto, não estaria a referir-se ao momento em que anunciou a localização do novo aeroporto à revelia do primeiro-ministro, António Costa.

“Serei muito sincero quanto a isso. Era, para mim, insuportável a ideia de nós termos que esperar mais um tempo prolongado para se decidir a localização do aeroporto. O país está há 50 anos à espera de a tentar decidir a localização do aeroporto.”

E concluiu:

“Há ali um momento de querer”.

TAP não é problema, mas a crise na saúde é

Para Pedro Nuno Santos, a TAP “não é um problema”, uma vez que deu lucro de 200 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano e que, neste momento, é uma empresa “com saúde financeira e do ponto de vista operacional muito saudável e bem sucedida”.

No entanto, reconhece que existem muitos problemas para resolver no país. “Apesar dos resultados da governação em muitas áreas serem extraordinários, nós continuamos com muitos problemas”, admitiu.

“Mas aí nós teremos mesmo que esperar pela eleição do novo Governo e de uma nova Assembleia da República”, disse, atirando essas questões para mais tarde.

E se o PSD precisar do Chega?

“Para mim isso é um problema”, começou por dizer o deputado socialista. “E acho que constitui um problema para a maioria dos portugueses, nomeadamente para os portugueses, que normalmente se situam no centro político e, esse risco, é um risco real”, declarou.

Pedro Nuno Santos considera que o Chega “é uma realidade eleitoral que não pode ser ignorada", assim como a Iniciativa Liberal.

“Eu diria que um eventual governo do PSD com a Iniciativa Liberal seria um Governo mais à direita do que o de Passos Coelho”, referiu.

Quanto ao Partido Socialista, no que depender de si, irá a eleições sozinho à procura do “melhor resultado possível”. Só depois de se ver o “arranjo parlamentar” que sair das eleições é que poderá fazer uma avaliação.

O deputado e ex-ministro Pedro Nuno Santos apresentou esta segunda-feira a sua candidatura ao cargo de secretário-geral do PS, na sede nacional do partido, em Lisboa.

Pedro Nuno Santos, antigo ministro das Infraestruturas e Habitação e ex-secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, tem sido apontado nos últimos anos como um dos prováveis sucessores de António Costa no cargo de secretário-geral do PS, posicionando-se na ala esquerda do partido.

Últimas