Pedro Nuno Santos, candidato à liderança do Partido Socialista, foi entrevistado esta segunda-feira na SIC, na qual falou do que pretende para o partido e para país, e também do processo judicial que levou à demissão do primeiro-ministro. Para a politóloga Paula Espírito Santo, Pedro Nuno Santos “tem vindo a falar como se fosse já o futuro secretário-geral do PS”
Na análise à atualidade política, esta manhã na SIC Notícias, a começar pela entrevista de Pedro Nuno Santos à SIC, que Paula Espírito Santo considera que se apresenta como alguém que se vai bater pela renovação do Partido Socialista.
“Está a procurar no fundo uma renovação interna do partido, mas muito para além daquilo que é a crise política, tentando relativizar o que aconteceu, tentando também colar os processos às pessoas que naturalmente, isso é importante e também a política faz-se de pessoas, mas procurando dizer que há aqui um ciclo político que tem que continuar. Há uma renovação necessária dentro do partido e que ele naturalmente é a figura que se apresenta como mais adequada para essa renovação”, explica.
Na entrevista à SIC, Pedro Nuno Santos disse que recebeu com surpresa e preocupação a notícia da demissão do primeiro-ministro, António Costa, e sublinhou o o impacto que a Operação Influencer teve "na confiança dos portugueses, nas instituições democráticas e no Partido Socialista”.
Questionada sobre como é que o PS se vai afastar do fantasma deste processo judicial até às eleições e se irá usá-lo para se colocar numa posição de vítima, a politóloga considera que o partido “já o está a fazer, não diretamente aqui, através de Pedro Nuno Santos, que tenta manter-se equidistante e, no fundo, manter esta ideia fundamental do Estado de direito democrático e a separação de poderes, mas nós percebemos que, não sendo estas figuras centrais que agora se apresentam - Pedro Nuno Santos, José Luís Carneiro - no fundo há outras figuras que também têm peso e voz na praça pública que tentam desacreditar o sistema judicial”.
E a oposição, já se apresenta como alternativa?
Paula Espírito Santo defende que “em termos gerais, nenhum partido estava verdadeiramente preparado e que agora estão a posicionar-se num plano de estratégia política e a vingar melhor os seus argumentos”.
“Já num plano e eleitoralista, no caso da oposição e começando por Luís Montenegro, percebe-se que há ainda uma tentativa de encontrar fragilidades, talvez de forma ainda pouco clara, pouco argumentativa”.
Luís Montenegro terá de aproveitar o contexto “o melhor possível”
A politóloga sublinha que esta pode ser um boa oportunidade para o líder do PSD: “Julgo que esta será talvez uma grande vantagem porque Luís Montenegro não vai ter que se expor a um resultado que poderia não ser tão positivo nas europeias”.
“Terá de aproveitar o melhor possível uma circunstância que não era esperada, pelo menos neste tempo, mas julgo que essa circunstância não está ainda muito clara, pelo menos quanto ao contexto que deve ser mais trabalhado politicamente, falta-nos mais argumentação”, sublinha Paula Espírito Santo em relação ao que se sabe sobre o processo judicial que deu início à crise política.