Vendas Novas poderá ser o destino do projeto de expansão do Aeroporto de Lisboa. Ao que a SIC apurou, vários especialistas acreditam que será a localização com menos impactos. Pedro Castro, especialista em aviação comercial, assume um aposição crítica face a esta e outras localizações que estão em cima da mesa. Em entrevista na SIC Notícias, destaca o distanciamento desta opção em relação à parte comercial e defende que o que “faz falta de facto é pensarmos não tanto na localização ideal, mas qual é que será o aeroporto ideal, o aeroporto do futuro”.
“Nós iremos entrar num momento em que há o jogo das cadeiras ou, se quiser, as moscas. Portanto, há de haver muitas moscas, mas no fundo a discussão é sempre a mesma e muito distanciada. Esse é o ponto mais negativo que eu voltaria a frisar que é, estamos distanciados da parte comercial”, começa por dizer Pedro Castro.
“Aquilo que faz falta de facto é pensarmos não tanto na localização ideal, mas qual é que será o aeroporto ideal, o aeroporto do futuro e repare que nós estamos a entrar numa altura em que o transporte aéreo vai atravessar mudanças tecnológicas, ambientais e regulamentares e o próprio comportamento dos passageiros e vai alterar profundamente”, alerta.
“Temos metas para 2030 e outras ainda mais ambiciosas para 2050 e é justamente a partir desse período que este novo aeroporto vai ser relevante”, sublinha o especialista em aviação comercial.
Questão ambiental vs agenda climática
Em entrevista na SIC Notícias, Pedro Castro considera que “estamos a ver hoje em dia é que não há só um problema ambiental, há um problema climático, há uma agenda climática, há um compromisso climático, no qual as emissões de carbono são um fator-chave e um medidor-chave e isto transformou tudo ou vai transformar ainda mais”.
O especialista em aviação comercial explica que “a tecnologia dos aviões estar a ser adaptada a esse novo futuro”, e que é impossível saber se o transporte aéreo “é aquele transporte que vingará nesse novo cenário”.
Nesse sentido, considera que "quanto mais tarde esse tal novo aeroporto existir ou passar a servir a eventualmente as companhias dos passageiros, mais estas questões são prementes, o que veio aliás reforçar a questão - afinal na Portela ainda dá para crescer e quem sabe se esse crescimento adicional a que nos foi enfim, enganado e proibido e dito que era impossível durante tantos anos, pelo menos desde 2016, não tenha sido uma manipulação política da narrativa".
Pedro Castro conclui com a ideia de que “há interesses instalados, porque há interesses imobiliários que querem absolutamente que este aeroporto seja construído não numa perspetiva futurística, mas simplesmente numa perspetiva de ajustes diretos e promessas concursos públicos, praticamente já atribuídos, que vão encher os bolsos de muita gente, mas que, na verdade não interessa nem para Portugal e muito menos para as futuras gerações que vão ter que pagar este aeroporto”.