Apesar do preço elevado em Portugal, o azeite ainda está mais barato do que em Espanha. Em Badajoz, cada vez mais espanhóis decidem comprar desta lado da fronteira.
O aumento do preço do azeite em Espanha está a levar uma crescente procura em Portugal por parte dos consumidores junto à fronteira. Há mesmo quem tente revender a comerciantes o produto adquirido nos supermercados portugueses.
Nas prateleiras da mercearia de Jéssica, em Badajoz, o azeite tem cada vez menos clientes. Fruto da inflação e da seca, o preço por litro no país vizinho está em valores incomportáveis.
"O preço do azeite subiu mais de 50%", diz Jéssica.
“Há também muitos furtos”
Nunca a expressão “ouro líquido” fez tanto sentido em Espanha, onde aumentam as preocupações de quem vende e procura azeite, ingrediente fundamental na dieta mediterrânica.
"Toda a gente entra e pergunta o preço do azeite. Há também muitos furtos. Há que estar atento, pois isto não era habitual", lamenta a comerciante.
Com os preços numa escalada sem precedentes devido à seca e à inflação, os papéis estão invertidos.
“É uma diferença abismal”
Se os portugueses vão a Espanha abastecer combustível, a procura por azeite nos supermercados nacionais é agora bastante acentuada por clientes do país vizinho.
"É uma diferença abismal. Há muita gente que conheço a ir a Portugal para comprar azeite", relata outra pessoa.
A corrida aos supermercados nacionais acontece sobretudo ao fim de semana, mas todos os dias há quem faça os 10 quilómetros que separam Badajoz de Elvas para contrariar esta tendência de subida de preço no azeite.
Segundo dados do setor em Espanha, maior produtor mundial deste produto, a seca levou a uma quebra de produção superior a 40%.
No supermercado, os preços médios rondam os 8 a 9 euros por litro, mas não é difícil encontrar quem o venda a 12 euros ou mais, sobretudo onde se começa a sentir a escassez e a especulação junto ao consumidor final.
Em Portugal os valores ainda não são tão altos nem há rotura de stocks, mas segundo alguns produtores a escalada de preços a breve prazo também é inevitável devido à mesma conjugação de fatores: falta de chuva, menos produção em perspetiva para nova campanha e o aumento dos combustíveis.