A falta de professores, as greves e a indignação de milhares de docentes que têm de percorrer centenas de quilómetros têm marcado esta primeira de semana de aulas. João Costa apelou à tranquilidade, mas o descontentamento no setor continua. Os docentes querem retomar as negociações e a recuperação dos 6 anos, 6 meses e 23 dias. Na semana em que mais de um milhão de alunos regressam às escolas, o ministro da Educação vai estar em direto, na Manhã SIC Notícias.
João Costa garante que está a ser feito um esforço para preencher os horários em falta. Na cerimónia de abertura do ano letivo na escola profissional de Alternância, em Matosinhos, o ministro disse que em 4 dias foram preenchidos cerca de mil horários.
No final da semana passada, mesmo depois de terem sido colocados quase três mil docentes, as escolas tinham ainda cerca de 1.300 horários vazios e, na segunda-feira, a Federação Nacional dos Professores (Fenprof) falava em mais de 100 mil alunos sem professor.
A falta de professores afeta sobretudo as escolas das regiões do Algarve e Lisboa e Vale do Tejo, mas também algumas disciplinas em particular, como Português, Matemática ou Informática.
O problema é reconhecido pelo ministro da Educação que, no ano passado, alargou os requisitos para a contratação de professores sem profissionalização e admitiu, durante o fim de semana, estar a trabalhar em medidas para apoiar os docentes deslocados.
A escassez de professores poderá não ser, no entanto, o único fator a deixar os alunos sem aulas, prevendo-se que o ano letivo arranque da mesma forma que terminou o anterior, com a forte contestação dos profissionais das escolas.
Greves marcam arranque do ano letivo
Uma greve ao sobretrabalho, às horas extraordinárias e à componente não letiva, convocada pela plataforma de nove organizações sindicais que inclui a Fenprof e a Federação Nacional da Educação (FNE), marca o início do ano letivo.
A paralisação não tem impacto nas aulas, mas logo no início da segunda semana, o Sindicato de Todos os Profissionais da Educação (S.TO.P) avança para uma greve de cinco dias. Menos de um mês depois, em 6 de outubro, há uma greve nacional convocada pela plataforma sindical.
O motivo para a contestação mantém-se - a recuperação dos seis anos, seis meses e 23 dias de tempo de serviço - e, da parte dos sindicatos, não parece haver qualquer intenção de abrandar a luta até que o Ministério da Educação aceite negociar aquela reivindicação, que foi várias vezes afastada pelo Governo.
Com mais ou menos greves, o que também prossegue este ano é o plano de recuperação das aprendizagens para colmatar as dificuldades vividas durante a pandemia de covid-19, mas desta vez sem o reforço de professores.