Ainda não se sabe quando serão conhecidas as medidas de coação para os quatro detidos da Operação Picoas. Jéssica Antunes e Álvaro Gil Pereira foram os primeiros a ser ouvidos pelo juiz. Diogo Torres, jornalista da SIC, encontra-se no Campus da Justiça, em Lisboa, e faz o ponto de situação do interrogatório de Armando Pereira, que decorre há mais de quatro horas.
Armando Pereira, cofundador da Altice, está a ser interrogado desde as 14:00, pelo que as medidas de coação não deverão ser conhecidas "tão cedo", constata o jornalista da SIC, Diogo Torres, que se encontra no Campus de Justiça, em Lisboa, onde decorrem os interrogatórios dos arguidos da Operação Picoas.
De acordo com os advogados de Armando Pereira, o cofundador da Altice pretende ir contra tudo aquilo que está escrito na indiciação do Ministério Público (MP). Desse modo, a defesa do arguido deixou bem claro que ainda está pela frente um longo interrogatório, que se deverá prolongar pela manhã desta quinta-feira.
Manuel Magalhães e Silva, advogado de Armando Pereira, garante que “tudo irá ser explicado” durante a tarde de hoje e que o arguido “está em condições” de esclarecer o MP de “todos os itens da indiciação”.
Armando Pereira está indiciado de 15 crimes
Armando Pereira está indiciado de 15 crimes de corrupção e de branqueamento de capitais, entre os quais seis de corrupção ativa no setor privado, um de corrupção passiva no setor privado e quatro de branqueamento de capitais.
O interrogatório que se encontra a decorrer acontece depois de um outro que durou três dias: o de Álvaro Gil Loureiro, economista que tem ligação a diversas empresas associadas aos negócios em torno da Altice e que estão igualmente ligadas a Hernâni Vaz Antunes.
Diogo Torres, que cita José Figueiredo, advogado do economista, refere que as medidas de coação não deverão ser conhecidas antes de sexta-feira ou sábado.
Hernâni Vaz Antunes, sócio e o braço direito de Armando Pereira, é o arguido com mais crimes nesta indiciação - responde por mais de 20 crimes -, mas ainda não começou a responder ao juiz, visto que foi o último a ser detido.
Várias suspensões na Altice
Já esta quarta-feira, o administrador da Altice Portugal, João Zúquete da Silva, que tem a área do património, pediu a suspensão do cargo de 'chief corporate officer', que foi aceite.
Esta manhã, a Altice International e as suas afiliadas "colocaram vários representantes legais, gestores e funcionários em Portugal e no estrangeiro em licença", enquanto decorre a investigação, anunciou hoje o grupo de Patrick Drahi, assegurando colaboração com as autoridades.
Estas suspensões sucedem-se à do co-CEO (co-presidente executivo) da Altice Europe, Alexandre Fonseca, que foi anunciada na segunda-feira.
Operação Picoas teve início na passada semana
A Operação Picoas, desencadeada em 13 de julho, levou a três detenções, entre as quais a do cofundador do grupo Altice Armando Pereira, contou com cerca de 90 buscas domiciliárias e não domiciliárias, incluindo a sede da Altice Portugal, em Lisboa, e instalações de empresas e escritórios em vários pontos do país, segundo o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) do Ministério Público (MP). Esta foi uma ação conjunta do MP e da Autoridade Tributária (AT).
Em causa, alegadamente, está uma "viciação do processo decisório do grupo Altice em sede de contratação, com práticas lesivas das próprias empresas daquele grupo e da concorrência", que apontam para corrupção privada na forma ativa e passiva.
As autoridades consideram que, a nível fiscal, o Estado terá sido defraudado numa verba "superior a 100 milhões de euros". Em 2 de junho de 2015, a Altice concluiu a compra da PT Portugal.