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Julgamento do homicídio de Jéssica: mãe terá pedido dinheiro ao pai no dia da morte

No Tribunal de Setúbal, o pai de Jéssica - a menina que morreu vítima de maus tratos em Setúbal - contou, entre outras coisas, que a última vez que viu a menina foi numa videochamada entre março e abril.

SIC Notícias

O pai de Jéssica, a menina que morreu em Setúbal vítima de maus tratos, disse esta segunda-feira em tribunal que, nas últimas vezes que viu a criança, ela aparentava estar triste. Alexandrino Biscaia revelou ainda que a mãe da menina, que se suspeita que nada fez para evitar a morte, lhe pediu dinheiro no dia em que a Jéssica morreu.

A mensagem chegou ao telefone de Alexandrino Biscaia, pai da Jéssica, às 11:56 do dia 20 de junho de 2022. Horas depois, a criança deu entrada no Hospital de Setúbal em paragem cardiorrespiratória depois de horas em sofrimento profundo.

Esta segunda-feira, no Tribunal de Setúbal, o pai de Jéssica contou que a última vez que viu a menina foi numa videochamada entre março e abril.

Diz ter notado que a criança tinha uma marca na cara, que a mãe justificou com uma queda em casa da madrinha.

O pai guardou a imagem da videochamada no telemóvel e mostrou-a ao coletivo de juízes, mas o juiz disse que a marca não é muito percetível.

O pai disse que esteve com Jéssica pela última vez em janeiro e fevereiro, antes de ir trabalhar para os Países Baixos, e contou que, na altura, lhe parecia que a menina estava triste.

O Ministério Público suspeita que a Jéssica de três anos terá sido usada para transportar droga com o próprio corpo. Por isso, o juiz quis saber se o pai notou algo de anormal quando mudou a fralda à menina. O pai disse que não.

A mulher, Maria Negingo, que vendia roupa de criança à mãe de Jéssica, disse ter ficado chocada quando viu a zona anal da menina durante um passeio no parque infantil.

O depoimento é importante já que há quatro arguidos acusados de crime de violação agravado: a suposta ama da criança, o marido, o filho e a filha.

Jéssica esteve cinco dias em casa desta família, antes de morrer na sequência de maus tratos. Terá sido dada como garantia do pagamento de uma dívida de 250 euros por serviços de bruxaria, para melhorar o relacionamento da mãe com o companheiro. Estão também acusados de tráfico de estupefacientes.

O pai, que admitiu ser consumidor de haxixe diz que nunca comprou droga a ninguém desta família.

O Ministério Público diz que as declarações prestadas esta segunda-feira, pelo pai não coincidem com o depoimento que prestou à Polícia Judiciária.

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