Foi a pedido do próprio líder do PSD que o Presidente da República recebeu, ao início da tarde desta terça-feira, Luís Montenegro no Palácio de Belém. No final do encontro, que durou pouco mais de meia hora, o social-democrata falou aos jornalistas. Contornando a questão da oposição, Montenegro disse não concordar que as eleições europeias sejam no domingo 9 de junho, como propõe a Comissão Europeia.
"No PSD vemos este momento como muito singular. em Que vivemos em dois países, o país dos power points, das festas, dos anúncios, e o país da vida real, da rotina de muitos milhares de portugueses que todos os dias enfrentam a dificuldade de não terem dinheiro para fazerem face a despesas elementares, de não terem médico de família, serviço de urgência, [dinheiro para] pagar as prestações da casa ou em arrendar casa", começou por assinalar, vincando que “somos um país em rota de empobrecimento”.
Neste sentido, prosseguiu, "há um país que tem esta grande diferença entre a mensagem do Governo, o entusiasmo, até alguma euforia nos anúncio e obras grandiosas do PRR (Plano de Recuperação e Resiliência), e as agruras da vida quotidiana das famílias portuguesas", considerou.
Montenegro admitiu que foram tratados no encontro “vários aspetos que não devem ser tornados públicos”, justificando que “funcionam no recato das relações institucionais de colaboração e cooperação institucional entre um grande partido como é o PSD e o Presidente da República”.
Além da situação atual, Luís Montenegro transmitiu também ao chefe de Estado a preocupação do PSD com a possível data das eleições europeias, “há hoje uma forte probabilidade de serem marcadas para 9 de junho de 2024”.
Ora, na opinião do líder social-democrata, o Governo deve tudo fazer para evitar que isso aconteça" porque, “se [as eleições] forem nessa data vamos apresentar uma via verde para uma abstenção histórica”.
Dia 9 de junho, assinalou, é “véspera do feriado do Dia de Portugal, e é uma semana em que há dois feriados", por exemplo em Lisboa. É por isso necessário ”procurar uma de duas soluções: outro dia por exemplo 26 maio, 2 de junho ou até 16 de junho, ou que se abra a possibilidade de haver uma data alternativa, isto é, que possa ocorrer em dois diferentes no espaço dos Estados-membros da União Europeia".
A única vez em que as eleições europeias aconteceram junto a feriados nacionais foi em 1994, mais concretamente no domingo de 12 de junho, com o Dia de Portugal a calhar na sexta-feira anterior e o Dia de Santo António, em Lisboa, na segunda-feira a seguir, recorda a agência Lusa.
Saliente-se que para este encontro, o quarto entre Montenegro e Marcelo no Palácio de Belém, o líder do PSD não se fez acompanhar pela habitual comitiva, deslocou-se sozinho. Outro pormenor de destaque é o facto de a nota de agenda que anunciou este encontro referir-se ao “líder da oposição” e não, como aconteceu nos três encontros anteriores em Belém, ao presidente do PSD.
Uma designação que consta também na nota emitida pela Presidência da República após o encontro lê-se que o chefe de Estado “recebeu esta tarde o Presidente do Partido Social Democrata (PPD/PSD) e Líder da Oposição, Luís Montenegro, a pedido deste”.