Antes de ser nomeado ministro das Infraestruturas, João Galamba era secretário de estado da Energia. Conhecido pelo registo impulsivo e explosivo, nos últimos anos envolveu-se em várias polémicas. Chega ao Ministério das Infraestruturas numa altura em que a Justiça ainda investiga um caso em que é visado, mas no qual não foi constituído arguido.
Chegou ao Governo em 2018 e, em maio de 2021, Francisco Rodrigues dos Santos, então líder do CDS, chamava-lhe “cowboy do teclado” e pedia a sua demissão. Uma declaração que surge na sequência de um tweet em que o secretário de Estado da Energia apelidava de “estrume” um programa da RTP que tinha emitido uma reportagem sobre a exploração de Lítio.
A concessão de uma exploração de lítio em Montalegre a uma empresa criada três dias antes da assinatura do contrato e sem estudo de impacto ambiental, foi uma das maiores polémicas que Galamba enfrentou. Garante que o caso estava “escarrapachado na lei”.
Foi precisamente a lei que, um ano depois, lhe provocou o maior rombo no mandato. O Ministério Público estava a investigar o megaprojeto do hidrogénio verde em Sines, em que Galamba e Siza Vieira, então ministro da Economia, eram visados por suspeitas de indícios de tráfico de influências e de corrupção. Mais de dois anos depois, a investigação ainda decorre e João Galamba não foi constituído arguido.
Agora que é chamado para ministro das Infraestruturas, há na oposição quem vá buscar este e outros processos para defender que o nome escolhido é uma afronta à justiça. Há ainda quem lembre a mensagem que João Galamba enviou a Sócrates a avisá-lo da Operação Marquês e quem recorde a forma como sempre defendeu o antigo primeiro-ministro – nas redes sociais e fora delas. Pelo menos, até ser conhecida a acusação.
Foi Sócrates que o recrutou para a política, quando Galamba começava a destacar-se pelo estilo corrosivo com que opinava nas plataformas digitais. Chegou ao parlamento em 2009, onde, juntamente com Pedro Nuno Santos, rapidamente entrou no clube dos jovens turcos do PS.
Muitos consideram que tem vindo a moderar-se, talvez também porque não lhe tem faltado trabalho na secretaria de Estado da Energia: nos últimos meses ganhou mais uma tarefa, quando o primeiro-ministro decidiu que o Estado só pode pagar faturas da Endesa com a autorização de Galamba.