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Ligre nasce em zoo na Roménia: cruzamento raro entre leão e tigre levanta questões sobre bem-estar animal

A criação deliberada de animais híbridos em cativeiro está novamente no centro das atenções, após o anúncio do nascimento de um ligre num zoo privado na Roménia. A mistura de espécies que nunca se cruzariam na natureza levanta dúvidas sobre bem-estar animal, motivações comerciais e os limites da intervenção humana.

Elisa Macedo

Ana Isabel Pinto

Um raro exemplar de ligre nasceu num jardim zoológico privado na Roménia. Goliath já completou dois meses e é fruto do cruzamento de leão e tigre. Está a crescer com saúde, alimentado a biberão pelos cuidadores. O nascimento desde pequeno ligre levanta questões éticas e ambientais.

Goliath nasceu em meados de maio no zoo privado de Zaharesti, no nordeste da Roménia. O dono do parque, Dorin Soimaru, admitiu ter promovido o cruzamento entre leões e tigres, inspirado pela popularidade pública destes animais híbridos.

“Sabendo que os ligres existem, eu queria ter uma criatura assim”, disse à agência Reuters o proprietário do zoo, Dorin Soimaru, que mantém os pais do filhote - leão e tigre fêmea - em recintos separados.

O caso levou a uma inspeção por parte das autoridades ambientais e de proteção veterinária romenas. Soimaru negou que o zoo tenha sido multado. A instalação alberga mais de 570 animais, entre os quais três leões, quatro tigres e dezenas de aves exóticas.

Apesar do entusiasmo do criador, especialistas alertam que os ligres - animais que não existem na natureza, já que leões e tigres habitam continentes diferentes - são frequentemente afetados por problemas congénitos e têm uma esperança média de vida reduzida. A irmã de Goliath não sobreviveu.

Grandes felinos em cativeiro tendem a rejeitar as crias

Como a mãe rejeitou os filhotes, uma prática comum entre grandes felinos em cativeiro, o pequeno Goliath está a ser alimentado com leite em pó especial e carne de ave. Situações semelhantes foram recentemente relatadas na Alemanha, onde o zoo de Colónia teve de sacrificar duas crias de leão rejeitadas pela mãe.

“É um comportamento evolutivo: a leoa só cuida das crias com maiores hipóteses de sobrevivência”, explicou o zoo alemão em comunicado.

Goliath vive agora num recinto próprio, longe dos progenitores. Apesar da sua aparência exótica e do fascínio que desperta, o seu caso reabre o debate sobre a criação de híbridos em cativeiro.

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