O artista da Crimeia Pyotr Dotsenko mergulha no Mar Negro em busca de inspiração. As paisagens que observa até 10 metros de profundidade são transpostas para os quadros através de uma técnica singular. Começou a pintar debaixo de água em fevereiro de 2024 e as dezenas de obras que produziu desde essa altura foram expostas em Sebastopol.
Para a criação de pinturas de vida subaquática, paisagens e objetos no fundo do mar, Dotsenko inspirou-se na obra do francês André Laban, cineasta, parceiro de aventuras do explorador dos oceanos Jacques Cousteau e o primeiro artista subaquático de que há conhecimento.
"As pinturas do André Laban são de um azul muito denso e esbranquiçado, mas são quase inteiramente monocromáticas. Isso é muito bom, mas eu prefiro usar as cores que vejo debaixo de água e que vejo na minha paleta.
Debaixo de água, conseguimos ver essas cores e depois, quando tiramos a pintura do mar, ela fica bem clara - é disso que eu gosto. Por exemplo, se pegarmos numa lagosta ou numa lula parece ser esverdeada ou azulada e quando a retiramos, fica ainda mais bonita", disse Dotsenko, em entrevista à agência Reuters, após uma sessão de pintura debaixo debaixo de água perto da antiga cidade de Sudak, na Crimeia.
Sudak está localizada na parte sudeste da península da Crimeia, que foi anexada pela Rússia à Ucrânia em 2014 e que Kiev procura recuperar.
O pintor usa a técnica "alla prima", uma expressão italiana que significa “na primeira tentativa”. Esta é uma abordagem em que a tinta é aplicada rapidamente sobre camadas de tinta já aplicadas e o trabalho é desenvolvido em muito pouco tempo. É uma técnica bem estabelecida e tem sido usada por muitos artistas conhecidos ao longo dos tempos.
As obras de Dotsenko surpreendem os visitantes da exposição em Sebastopol, que ficam rendidos à beleza das obras e principalmente à técnica invulgar.
"As pinturas são brilhantes, lindas e invulgares. Gostei do mar em movimento como se estivéssemos na praia e estivesse uma brisa tão leve vinda dessas ondas, que batem na praia", explicou Yulia Folk.
"Estou surpreendida, é a primeira vez que vejo este tipo de pintura. O mergulhador Pyotr Dotsenko desce até ao fundo do mar e pinta diretamente ali. Isso é interessante," acrescentou Lyudmila Grib.