Cientistas na Noruega libertaram cinco raposas em fevereiro, animais criados em cativeiro que vão ser acompanhados no seu habitat natural. O objetivo do programa de reprodução é reconstituir a população de raposas-do-Ártico. Há quase 20 anos eram apenas 40 na Noruega, Finlândia e Suécia, agora há cerca de 550 em toda a Escandinávia, mas os responsáveis têm objetivos mais ambiciosos e admitem que há ainda “um longo caminho a percorrer” para salvar a espécie da extinção.
As presas das raposas-do-Ártico – lemingues e outros pequenos roedores – estão a diminuir à medida que as alterações climáticas provocam mais chuva e menos neve no Norte da Escandinávia.
A chuva que congela sobre a neve torna difícil para estes animais cavarem as tocas de que precisam para se manterem aquecidos e muitas vezes acabam por não resistir, o que significa que as raposas estão a ter cada vez mais dificuldade em encontrar alimento suficiente.
Conscientes destas dificuldades, os cientistas não se limitam à criação em cativeiro, também mantêm mais de 30 estações de alimentação em toda a região alpina, abastecidas com ração para cães, apreciadas também pelas raposas-do-Ártico.
Como parte do programa patrocinado pelo Estado para restabelecer as raposas-do-Ártico, a Noruega alimenta estes animais há quase 20 anos, o que implica um custo anual de cerca de 275 mil euros. Apesar dos bons resultados, os especialistas sabem que o projeto, que conta com a colaboração da Finlândia e da Suécia, está longe do fim.
“Percorremos um longo caminho para salvar a espécie. Já vimos que a população está a aumentar, mas acho que ainda temos um longo caminho a percorrer antes de podermos dizer que realmente salvámos a espécie”, realça Kristine Ulvund, bióloga do Instituto de Pesquisa da Natureza da Noruega, em entrevista à agência Reuters.
Objetivo do programa é chegar às 2.000 raposas-do-Ártico na Escandinávia
Desde 2006, o programa ajudou a aumentar a população de raposas de apenas 40 na Noruega, Finlândia e Suécia, para cerca de 550 atualmente em toda a Escandinávia.
As crias desenvolvem-se num recinto cercado ao ar livre perto de Oppdal, um local remoto que fica a cerca de 400 quilómetros a Norte de Oslo, onde os cientistas acompanham o desenvolvimento os animais e tentam evitar que sejam atacados por águias antes de estarem aptos a serem libertados no habitat natural.
As raposas foram quase levadas à extinção em toda a Escandinávia pela ação dos caçadores que procuravam a pele branca que adquirem no inverno. Medidas de proibição de caça e proteções da natureza introduzidas nas décadas de 1920 e 1930 permitiram dar algum alívio, mas as alterações climáticas dificultam agora o sobrevivência da espécie.
Com a população atual, os cientistas estimam que possam levar ainda mais de 25 anos para atingir o objetivo do programa que é chegar às 2.000 raposas-do-Ártico a correrem livremente pela Escandinávia.