O aumento das temperaturas globais e a consequente descongelação das camadas de gelo traz à tona uma nova preocupação: os vírus há muito tempo aprisionados nas profundezas glaciais estão prestes a serem libertados. Estudos científicos alertam para os riscos iminentes, uma vez que esses microrganismos, que estiveram inativos por milhares de anos, podem ser potencialmente perigosos para os ecossistemas e para a saúde humana.
Várias investigações científicas publicadas nos últimos anos indicam que a criosfera, que engloba áreas permanentemente cobertas de gelo e neve, é um reservatório de vírus antigos. À medida que as temperaturas aumentam, essas reservas de gelo estão a derreter a uma velocidade alarmante, libertando esses vírus no ambiente.
Os vírus precisam de um hospedeiro (humano, animal, planta ou musgo) para se replicarem e se espalharem, recorrendo a um hospedeiro desprovido de imunidade, como demonstrou a recente pandemia de covid-19 com o ser humano.
Impacto da descongelação do permafrost
Os cientistas alertam que o descongelamento do permafrost, solo permanentemente congelado encontrado em regiões árticas e subárticas, está a libertar não apenas vírus, mas também bactérias e outros microrganismos patogénicos.
À medida que esses agentes infecciosos se espalham pela atmosfera e pela água, os impactos serão devastadores nos ecossistemas locais e poderão mesmo desencadear pandemias globais.
Outros formas para a disseminação de vírus descongelados
O derretimento do gelo marinho abriu vias navegáveis no Ártico, permitindo que o transporte marítimo aumentasse 25% entre 2013 e 2019.
O aumento do turismo e da exploração industrial em regiões árticas e subárticas também contribui para o risco de disseminação de vírus descongelados.
A movimentação humana nessas áreas pode facilitar a propagação desses microrganismos para regiões que anteriormente não estavam expostas.
Gelo do Ártico diminui a um ritmo de 2,9% por década
Segundo os dados mais recentes do norte-americano National Snow and Ice Data Center, o gelo do Ártico no mês de janeiro tem vindo a diminuir a um ritmo de 2,9 por cento em cada década.
O Ártico perde 43,8 mil quilómetros quadrados de gelo todos os anos.
Os oito países com assento no Conselho do Ártico precisam de os avaliar e os cinco com zonas económicas exclusivas na região (Estados Unidos, Canadá, Rússia, Dinamarca, Noruega) precisam de monitorizar o impacto da exploração de recursos.
Medidas urgentes para mitigar os efeitos
Perante este cenário preocupante, os cientistas pedem uma ação urgente para monitorizar e entender melhor os vírus libertados do gelo derretido.
Devem ser implementadas estratégias de prevenção e controlo para mitigar os potenciais impactos negativos desses microrganismos na saúde e no meio ambiente.
A preservação das áreas geladas remanescentes e a redução das emissões de gases de efeito estufa são fundamentais para evitar uma crise sanitária global desencadeada pelo descongelamento do passado.