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Paulo Rangel defende "resposta muito dura" ao "comportamento provocatório" da Rússia

O número dois do Governo reiterou a total solidariedade com a Polónia, que denunciou uma incursão de drones russos no seu espaço aéreo, e solicitou formalmente uma consulta urgente aos aliados da NATO, invocando o Artigo 4.º da Aliança Atlântica.

SIC Notícias

O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros defendeu esta quarta-feira que "o comportamento provocatório" da Federação Russa "tem de merecer uma resposta muito dura" por parte da União Europeia e da NATO, face à incursão de drones denunciada pela Polónia.

Paulo Rangel falava em declarações aos jornalistas em Tóquio, onde irá acompanhar a visita oficial que o primeiro-ministro, Luís Montenegro, realiza ao Japão na quinta e sexta-feira.

O número dois do Governo reiterou a total solidariedade com a Polónia, que denunciou uma incursão de drones russos no seu espaço aéreo, e solicitou formalmente uma consulta urgente aos aliados da NATO, invocando o Artigo 4.º da Aliança Atlântica.

O artigo em causa prevê consultas entre as partes sempre que um dos membros da aliança de defesa considerar estar ameaçada a sua "integridade territorial, a independência política ou a segurança".

Questionado se este processo pode ser um primeiro passo para um eventual acionamento do artigo 5.º da NATO, que determina que "um ataque armado contra um Estado-membro da Aliança é considerado um ataque contra todos os Estados-membros", o número dois do Governo recusou esse cenário.

"Digo que não devemos ignorar o grau da ameaça, também digo que não devemos exponenciar para dizer que estamos nas vésperas de um artigo 5º. Não é disso que se trata, felizmente, mas obviamente que isto implica um reforço do nosso alerta e da nossa vigilância", defendeu.

Sobre que consequências concretas terá o acionamento do artigo 4.º, Paulo Rangel admitiu que possa desencadear novas sanções à Rússia por parte da União Europeia.

"Há já apelos de vários Estados-membros e da própria Alta Representante para esse efeito [Kaja Kallas] para se avançar muito rapidamente com o 19.º pacote de sanções à Rússia", afirmou.

“Há aqui uma escalda russa”

Por enquanto, acrescentou, não estão marcadas reuniões ao nível dos ministros dos Negócios Estrangeiros europeus, mas admitiu que possa vir a acontecer uma reunião virtual do Conselho dos Negócios Estrangeiros "a qualquer momento".

O número dois do Governo, que já tinha condenado na rede social X a violação do espaço aéreo polaco por drones russos, reiterou "total solidariedade com a Polónia".

"Como é evidente, há aqui uma escalada russa, que é uma escalada de agressão", afirmou.

Sobre o desencadear do artigo 4.º, o ministro considerou que se trata de colocar os membros da NATO "num estado de vigilância, de maior atenção face à ameaça que está declarada".

"A Rússia parece ter um comportamento provocatório, que obviamente tem de merecer uma resposta muito dura por parte daqueles que são visados, e neste caso é visada a União Europeia e é visada a Aliança Atlântica", disse, salientando existir um amplo consenso de que "a violação da integridade territorial da Polónia é inaceitável" e de que é preciso dar uma resposta.

"Acho que a Rússia tem vindo a testar o mundo".

Questionado se a Rússia está a testar a União Europeia, respondeu: "Acho que a Rússia tem vindo a testar o mundo".

"Aquilo que nós vemos é que a resposta russa é de constante reforço dos ataques e, no fundo, sempre tentar medir os limites da sua intervenção agressiva. Isso quer dizer que não está interessada em paz nenhuma, isso é a conclusão mais elementar que podemos tirar", considerou.

Rangel defendeu que a reação da União Europeia não deve passar por uma resposta violenta que possa escalar o conflito, mas "ter a força suficiente para dissuadir, isto é, para impedir que a Rússia atue desta maneira".

"À primeira vez, pode julgar-se que é um acaso, à segunda vez pode ter-se alguma tolerância. Agora, quando estamos a falar de semanas seguidas em que as provocações são sistemáticas, em que uma força da agressão é sistemática, isto também é um sinal, e das duas uma: ou nós o sabemos interpretar, ou então vamos ter consequências muito mais negativas", alertou.

Com LUSA

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