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Patriotas pela Europa e Esquerda avançam com moções de censura a Von der Leyen

O anúncio sobre as novas moções de censura - que se seguem a uma discutida em plenário em julho passado e que não acolheu apoio suficiente para fazer cair o executivo comunitário - foi feito após o discurso da presidente da Comissão Europeia perante os eurodeputados.

Pascal Bastien/AP Photo

Lusa

Os grupos dos Patriotas pela Europa e Esquerda Europeia vão avançar com moções de censura à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, com os eurodeputados portugueses nestas bancadas a criticarem a falta de transparência e responsabilização.

"A senhora Von der Leyen chega aqui e parece que não existem países soberanos na Europa, que a comunidade europeia é a arena dela [...] e, por causa disto, nós, Patriotas [pela Europa], vamos apresentar uma moção de desconfiança", disse o eurodeputado do Chega António Tânger Corrêa, falando aos jornalistas portugueses na sede do Parlamento Europeu, em Estrasburgo.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, na sessão plenária do Parlamento Europeu, fez o seu primeiro discurso sobre o Estado da União do segundo mandato e o quinto do seu percurso europeu.

“Falta de transparência é total”

A moção de censura do grupo de extrema-direita será discutida "daqui a dois meses", segundo António Tânger Corrêa, que disse que, mesmo que a moção não recolha o necessário apoio, irá colocar "em discussão a atuação de von der Leyen à frente da Comissão" Europeia.

"A falta de transparência é total", criticou.

O anúncio sobre as novas moções de censura - que se seguem a uma discutida em plenário em julho passado e que não acolheu apoio suficiente para fazer cair o executivo comunitário - foi feito após o discurso da presidente da Comissão Europeia perante os eurodeputados.

Reagindo ao discurso, a eurodeputada bloquista Catarina Martins assinalou aos jornalistas portugueses que só hoje Ursula von der Leyen "disse alguma coisa sobre o que está a acontecer" na Faixa de Gaza devido à ofensiva israelita, propondo medidas para aumentar a pressão sobre Telavive.

"Agora, sejamos francos, o que Ursula von der Leyen anunciou foi que vai propor e o que vai propor também é pouco, ainda não é nada de muito concreto", acrescentou, apontando que, à Esquerda, "há cada vez mais eurodeputados" a denunciar "o genocídio em Gaza".

Faltam “medidas significativas”

Esta é apenas uma das críticas da Esquerda Europeia numa moção de censura que será entregue no Parlamento Europeu e à qual a agência Lusa teve acesso.

No documento, Ursula von der Leyen é criticada pela "incapacidade de agir" para evitar a crise humanitária em Gaza e pela falta de "medidas significativas" nas áreas ambientais e sociais.

Para a Esquerda Europeia, o executivo comunitário "perdeu a confiança do Parlamento" devido a "falhas na transparência, na responsabilização e na defesa do direito internacional".

É também mencionado o "prejudicial, assimétrico e não recíproco" acordo comercial entre a UE e os Estados Unidos e "a ameaça" causada pelo acordo UE-Mercosul.

O grupo Patriotas pela Europa, a que pertencem os dois eleitos do Chega, tem 84 eurodeputados, enquanto a Esquerda, com um eleito do BE e outro da CDU, conta com 46 assentos. O Partido Popular Europeu (PPE, que abrange PSD e CDS-PP, e a que pertence von der Leyen) é o maior grupo, com 188 lugares.

A assembleia europeia chegou, em julho passado, a submeter Ursula von der Leyen a uma moção de censura - a primeira em dez anos - depois de o Tribunal Geral da UE ter considerado que a Comissão Europeia não conseguiu apresentar uma explicação plausível para não divulgar mensagens de texto trocadas pela presidente da instituição com o presidente executivo da farmacêutica Pfizer durante a covid-19.

Apesar de a moção de censura ter sido rejeitada, impedindo a queda do executivo comunitário, revelou menos apoio parlamentar à presidente da Comissão Europeia, o que poderá afetar negociações em dossiês cruciais, como o orçamento da UE a longo prazo.

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