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Mistérios cósmicos: bolha de plasma origina as explosões de rádio mais poderosas do universo

Uma equipa internacional de astrónomos demonstrou que esta radiação persistente tem origem numa bolha de plasma, fornecendo novas informações sobre a natureza destes misteriosos fenómenos cósmicos.

Impressão artística, sem escala, que ilustra o percurso de uma explosão rápida de rádio desde a galáxia distante onde se originou até à Terra, num dos braços espirais da Via Láctea (20 de outubro de 2023/ ESO/M. Kornmesser/via REUTERS
Reuters/ Arquivo

SIC Notícias

Uma equipa internacional de astrónomos identificou uma bolha de plasma como a origem da emissão persistente observada em algumas das chamadas explosões de rádio rápidas, um dos eventos cósmicos mais energéticos e desconhecidos do universo.

Descobertas há pouco mais de uma década, as explosões de rádio rápidas (FRB) emitem impulsos com a duração de milissegundos que libertam uma imensa quantidade de energia na gama das ondas de rádio, tornando-as um dos fenómenos mais energéticos observados até agora.

No entanto, os processos físicos que as provocam são ainda desconhecidos e representam uma das questões em aberto mais fascinantes da astrofísica moderna, noticiou a agência Efe.

Em alguns casos, o breve 'flash' de uma FRB é acompanhado por uma emissão rádio mais fraca e persistente.

Pesquisa internacional revela novos dados

Uma equipa internacional de astrónomos, liderada pelo Instituto Nacional de Astrofísica de Itália (INAF) e com a participação do Instituto de Astrofísica da Andaluzia (IAA-CSIC), demonstrou, de acordo com um estudo divulgado na quarta-feira, que esta radiação persistente tem origem numa bolha de plasma, fornecendo novas informações sobre a natureza destes misteriosos fenómenos cósmicos.

Esta nova investigação, que contou com elementos de institutos de investigação e universidades de Itália, China, Estados Unidos, Espanha e Alemanha, registou a emissão de rádio persistente mais fraca detetada até agora para uma FRB.

Trata-se da FRB20201124A, uma explosão rápida de rádio cuja fonte se encontra numa galáxia a cerca de 1,3 mil milhões de anos-luz de distância da Terra. Um ano-luz tem cerca de 9,46 triliões de quilómetros.

As primeiras observações foram feitas com o radiotelescópio Very Large Array (VLA) nos Estados Unidos e os dados permitiram à equipa científica verificar a previsão teórica de que uma bolha de plasma está na origem da emissão.

"Conseguimos demonstrar através de observações que a emissão persistente detetada em algumas rajadas de rádio rápidas se comporta como esperado do modelo de emissão nebular, ou seja, uma 'bolha' de gás ionizado envolvendo o motor central que gera a FRB", explicou Gabriele Bruni, investigador do INAF em Roma e autor principal do novo artigo.

"Em particular, através de observações de rádio da FRB20201124A, uma das explosões que ocorreram mais perto da Terra, conseguimos medir a fraca emissão persistente proveniente do mesmo local que a FRB", acrescentou o investigador.

A particularidade é que o FRB 20201124A é um evento recorrente, algo invulgar, uma vez que apenas cerca de 10% das quase 800 rajadas de rádio rápidas conhecidas se repetem, destacou o Instituto de Astrofísica das Canárias (IAC).

"Graças a este facto, foi possível determinar a sua posição dentro da galáxia hospedeira com uma incerteza de alguns milissegundos", explicou Ángela Gardini, investigadora do IAA-CSIC e uma das coautoras do trabalho.

"A sua localização precisa e a sua proximidade, relativamente pequena em comparação com outras FRB, tornaram-na num alvo ideal para estudar as condições físicas do seu ambiente", detalhou ainda.

Com Lusa

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