O Reino Unido é a primeira nação da Europa a aprovar carne produzida em laboratório. Para já, o produto, destinado apenas a animais, pretende imitar a carne de frango e será fabricado a partir de células.
A Agência de Saúde Animal e Vegetal e o Departamento do Ambiente, Alimentação e Assuntos Rurais do Reino Unido aprovou um novo produto da marca Meatly, que se assemelha a frango.
O The Guardian explica que a carne sintética é fabricada a partir de uma pequena amostra de ovo de galinha a que se acrescenta vitaminas e aminoácidos. Posteriormente, é cultivada num recipiente específico e o resultado é uma pasta semelhante a patê.
A empresa responsável por esta inovação planeia lançar as primeiras amostras da nova comida para animais ainda este ano. Depois disso vai procurar reduzir os custos e começar a produzir em massa nos próximos três anos.
Uma hipótese para a redução de gastos passa por misturar o produto com vegetais, tal como acontece com outros alimentos destinados a animais.
Para já, a Meatly angariou 4,1 milhões de euros de investidores, uma quantia que espera aumentar para 5,9 num futuro próximo.
Brexit contribuiu para aprovação
O CEO e cofundador da companhia, Owen Ensor, revelou ao Financial Times que esta aprovação só foi possível graças ao Brexit, que permite que haja diferenças em relação aos regulamentos da UE, e ao investimento levado a cabo pelo anterior Governo britânico nas áreas de biotecnologia e inovação.
"Penso que essa é uma das coisas mais interessantes desta aprovação. Mostra a intenção do Reino Unido de se posicionar como líder nestes novos domínios inovadores e na tecnologia alimentar", disse Enson ao mesmo jornal.
As vantagens da carne produzida em laboratório passam pela redução do impacto ambiental, uma vez que a indústria alimentar animal é bastante poluente, e permite aos donos não alimentarem os seu animais com produtos compostos por carne de outros.
Um estudo da Universidade de Winchester, citado pelo The Guardian, revelou que 50% dos donos de animais de estimação inquiridos alimentariam os animais com carne cultivada, enquanto 32% a comeriam eles próprios.
O Reino Unido ainda não aprovou a carne produzida em laboratório para consumo humano, embora países como Israel, Singapura e os EUA já o tenham feito.